Ao contrário do que julga Eduardo Barroso, no futebol sobrevivem legiões de "tipos desprezíveis". E poucas equipas que não saibam lidar com eles
Corpo do artigo
Desta vez, não houve alusões à putrefação da fruta nem quaisquer referências que exijam intervenção da ASAE, mas do Sporting lá acabou por sair o julgamento prévio: se alguma coisa suceder a Izmailov, no FC Porto, que não seja sentar-se todos os dias na marquesa para pedir mais uma dose de anti-inflamatórios, "é um tipo desprezível". Disse-o Eduardo Barroso, que acumula a presidência da Assembleia Geral com o cargo de líder da oposição.
Tal como no episódio da maçã podre, cuja extirpação teve os estupendos resultados que conhecemos, o erro está no raciocínio. Caso alinhe minutos que se vejam no FC Porto, Izmailov será, antes de qualquer outra coisa, alguém que uma equipa não punha a jogar e outra põe.
Ou seja, na melhor das hipóteses, ficará oficializado que há clubes capazes de motivar "tipos desprezíveis" a mexer-se e outros que não conseguem fazer nada deles. Porque o futebol faz-se com todos: desprezíveis, prezáveis, simpáticos, façanhudos, desleais, hipocondríacos, deprimidos e por aí adiante. Um clube que só se sentir (ou declarar) apto a lidar com personalidades de ferro, impermeáveis às fraquezas, maus instintos e deslealdades, ou se resigna a ter sempre metade do plantel de trombas e indisponível ou joga só futsal. Sempre são menos santos para encontrar.