A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Só eu sei o que isto me custa a escrever: eles foram claramente superiores e mereceram ganhar o clássico.
A derrota - e o que se segue não é se não o que todos facilmente constatámos - foi até lisonjeira para exibição tão incompetente e apagada, para atitude tão insuficiente e apatia tão generalizada, para tanta falta de soluções face o desastre tão cedo anunciado, nomeadamente para o inexplicável, e a este nível inadmissível, bloqueio mental frente a quem nos olha e nos trata há mais de 40 anos como inimigo, como alvo maior a abater, que faz o que pode e o que não pode para nos vencer, ao passo que nós persistimos em olhá-los e tratá-los apenas como (mais um) adversário.
2 Os benfiquistas, que, como todos, são bipolares, que passam do oitenta ao oito num ápice de 90 minutos, que descortinam o negro onde às 18h00 de sexta-feira viam o cor-de-rosa, que despejem rápido tudo o que lhes vai na alma - e eu faço aqui uma resenha do que a revolta foi entretanto produzindo: como se concedem miniférias e folgas, tantas folgas, nesta decisiva altura da época?
Como é que a equipa chega ao estádio tão em cima da hora do jogo e vai para o relvado aquecer depois e acaba antes do FC Porto? Como não faz estágio antes de um jogo desta importância? Como é que o treinador mexe tão pouco perante rendimento tão parco e equipa tão desorientada? Como é que o clube não exige, alto e bom som, controlo antidoping antes e depois destes jogos? Há por certo mais, muito mais, mas o espaço não dá para tudo.
3 Não obstante uma exibição que foi tudo menos digna de fechar o Marquês, ainda somos nós que olhamos para cima e não vemos lá ninguém. Mais: quem não trocaria uma vitória, mesmo que convincente, mesmo que retumbante, por um avanço de sete pontos a sete jornadas do fim da Liga? Perguntem a Pinto da Costa e a Sérgio Conceição e terão a inevitável, a óbvia, a desnecessária confirmação. (Mas, já agora, não se deixem levar por elogios como os desta semana, que, vindos dali, não são mais do que retórica para nos envaidecer e amolecer.)
4 Não sei, porque não estou por dentro, como foram ultrapassados pelo grupo de trabalho o percalço de Guimarães e a hecatombe de Braga, onde produzimos exibições tão negativas como a do final da tarde desta sexta-feira (pouco ou nada) Santa. O que todos sabemos é que a equipa regressou de imediato às vitórias e às boas exibições. Por isso, eu acredito, e acredito piamente, que temos condições para o fazer agora de novo. Com a ajuda, com o apoio, com a crença da imparável onda vermelha. Contem comigo para o Inter, terça-feira na Luz, e para Chaves, no sábado! Com o mesmo exato entusiasmo de antes de sexta-feira.