Inconcebível a reunião Jesus-Flamengo dias antes do Clássico
PLANETA DO FUTEBOL >> Nesse cenário, Conceição ganhou o jogo em todo o campo. No estádio, a começar no caminho do túnel para o relvado. Fora dele, perante a atual existência errante de Jesus no Benfica
Corpo do artigo
1 - Duas equipas sem o treinador principal no banco e ambos a ver o jogo desde cima, quase colados ao teto do estádio, em espaços privados. O jogo seria, por fim, só dos jogadores? Pura ilusão. Aquelas equipas (jogadores, suas posições e sistemas táticos) tinham muito (talvez demais mesmo) do que são hoje os dois treinadores (na personalidade, pensamento e autoridade).
Nesse cenário, Conceição ganhou o jogo em todo o campo. No estádio, a começar no caminho do túnel para o relvado. Fora dele, perante a atual existência errante de Jesus no Benfica. Penso em algo muito além das questões tático-desportivas (já aqui várias vezes analisadas/criticadas, desde a cristalização de um sistema de três centrais hoje desajustado da equipa até à estranha deficiência de organização defensiva da linha mais recuada, algo em que Jesus sempre tinha sido muito forte).
A partir do momento em que, neste contexto, o Flamengo (re)apareceu em cena, querendo refazer uma recente relação passada, o mundo do treinador-Jesus na Luz tornou-se numa existência disfuncional a todos os níveis.
2 - Todo o "entorno" que envolveu Jesus no Benfica (nesta sua segunda passagem contraciclo) foi sempre capturado por tudo o que o condicionou desde dentro (oposição interna) e, olhando a sua personalidade, pelo seu ego desmesurado que (hoje como antes) sempre foi dos seus maiores inimigos.
A partir do momento em que, neste contexto, o Flamengo (re)apareceu em cena, querendo refazer uma recente relação passada, o mundo do treinador-Jesus na Luz tornou-se numa existência disfuncional a todos os níveis. Desportiva (como a equipa joga ou não joga) e pessoal (ao abrir porta à opção Flamengo).
É impensável um treinador reunir-se com dirigentes de outro clube para falar de uma possível contratação quando treina outra equipa e tem um grande jogo decisivo dois dias depois. Tudo isto se torna mais grave e surreal quando esse é o treinador do Benfica e o tal grande jogo é contra o FC Porto.
Como tudo isto foi feito com acordo da direção benfiquista, a sensação/conclusão direta que tal pode provocar é que a vontade do clube é mesmo que o treinador chegue a acordo e possa ir embora (sem os custos financeiros do contrato que tem). De outra forma, seria inconcebível permitir uma reunião destas (e nem reagir, admitindo como naturais as declarações do treinador de que "isto não é o que eu quero ou o que o Flamengo quer").
3 - A única forma de Jesus sobreviver a esta situação (a que o recebeu desde início e a que se sobredimensionou contra ele próprio nestas últimas semanas) seria então devolver o futebol ao... futebol. A equipa jogar bem e ganhar os jogos ao FC Porto. Depois de nem conseguir discutir o primeiro (perdia 3-0 à meia hora), o segundo (uma semana depois) será decisivo para escrever uma última página anunciada. Nessa altura, já não correrá, porém, riscos de cair do teto do estádio. Tudo será decidido no local de vida mais justo para ver um treinador (no melhor ou pior). O banco e o relvado.