Ouvir-se o árbitro dizer "ok, é joelhada nas costas do adversário (...)", ficámos sabedores de o filiado em causa ser, além de incompetente para arbitrar, ignorante em matéria de anatomia do corpo humano.
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Mudam-se os tempos
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Tempos houve que conceder sete minutos de compensação no final de cada parte de um jogo de futebol era considerado crime de lesa modalidade, quiçá, no dizer de muitos que comentavam ou analisavam, próprio de árbitro receoso e ansioso quando placard existente era desfavorável a determinados emblemas.
Eram tempos em que se fazia cumprir a Lei (sempre existiu a exigência de os árbitros compensarem tempos perdidos com interrupções, nomeadamente assistência a jogadores lesionados, substituições, perturbações diversas como intempéries ou anomalias com equipamentos dos campos, etc).
Não havia, isso não, períodos pré-determinados nem identificação das situações que, originando paragens, deveriam ser compensadas. De facto, em muitos jogos, quando um árbitro tinha de prolongar o jogo por períodos de compensação (não, não são descontos, descontar é retirar, não é acrescentar!) superior a 3 ou 4 minutos, era um ai Jesus, um ficar na beira de um buraco, de olhos postos no fundo, à espera que a tormenta deflagrada se acalmasse.
Acredite-se ou não, em momentos como aqueles, em que compreensão para a decisão de compensação prolongada era absolutamente inexistente, a ideia de uma divindade benevolente encarregada de zelar pelo bem de todos perdia qualquer espécie de credibilidade.
Sob a peregrina ideia da defesa da verdade desportiva, acolheu-se de bom grado a institucionalização de períodos de equilíbrio para determinadas circunstâncias. Sem ponderarem exageros possíveis (quase se aconselha levar saco-cama para um jogo em horário noturno) imensos incensaram a medida. Hoje, instituídos períodos de compensação, verbera-se o agiganto.
Ignorante
As ações e decisões do CA da FPF assemelham-se às assumidas por comerciantes prósperos que engordaram e adotaram postura de autoconfiança arrogante, embora se tenha sensação de lhes vislumbrar por baixo da fachada, a ansiedade e falta de amor-próprio característico do bajulador servil. Dar à estampa excertos de diálogos do VAR, foi dito como pretensão de apaziguamento do ambiente de crispação vigente, porém, perante imagens de um jogador a atingir contrário com joelhada no glúteo, ouvir-se o árbitro dizer "ok, é joelhada nas costas do adversário (...)", ficámos sabedores de o filiado em causa ser, além de incompetente para arbitrar, ignorante em matéria de anatomia do corpo humano.
Tempo
Este tempo incerto que a todos afeta, lembra-nos estamos prestes a entrar no outono. Em tempos idos, era sinónimo de se estar pronto para arbitrar jogos disputados sobre terrenos enlameados, encharcados, por vezes gelados, sob céu plúmbeo, sentindo o vento gélido roçar o rosto, flagelar as pernas, tolher os movimentos, deixar, sobretudo os fiscais-de-linha (árbitros assistentes) quais pinguins. As alterações climáticas que nos atormentam quase fizeram desaparecer tais procelas, mas atentas as visíveis dificuldades que alguns filiados demonstram na interpretação de lances disputados de forma mais determinada, ainda bem para o eles que clima não lhes inventa mais problemas.