Temos de aproveitar este momento para fazer chegar o Andebol mais longe, junto dos jovens e fazer com que aqueles que possam vir a apoiar a modalidade nos olhem de uma outra forma.
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Para quem não acompanha o Andebol internacional pode não ter reparado, mas o que Portugal conseguiu no Europeu deste ano foi absolutamente histórico. Deixamos para trás seleções como a França, a Suécia ou a Hungria, ao mesmo tempo que foram cedo para casa outras como a Dinamarca.
Atingimos o melhor resultado de sempre na história do andebol português.
Estão de parabéns estes atletas e equipa técnica que formam um grupo notável. Um conjunto profissional e responsável, focado no sucesso da equipa e capazes de chegarem ainda mais longe.
É um orgulho poder acompanhar o evoluir desta epopeia. Podem perguntar o que aconteceu para estarmos hoje a festejar? Muitas coisas, entre as quais:
Acreditar. Há uma mudança fundamental que está ao nível das emoções e da psicologia desportiva. Hoje acreditamos que todos os jogos começam 0-0 e que nos podemos bater com qualquer, repito, qualquer seleção. É uma mudança profunda. E isso sente-se quando entram em campo.
Resiliência. Trata-se de um trabalho dos últimos anos, envolvendo muitas pessoas, que não desistem à primeira contrariedade.
Construir. Não destruir o que de bom foi feito atrás e aproveitar os melhores. Escolher as pessoas certas e apostar numa equipa técnica alargada, com valências essenciais se queremos andar na alta-roda do desporto.
Clubes. Um trabalho dos clubes que tem atletas nesta Seleção e que com as suas participações internacionais altamente exigentes, elevam a qualidade dos atletas e a sua competitividade.
Paciência. Acreditar nas decisões, não hesitar e apoiar sempre a equipa, sobretudo nos momentos menos bons.
Juventude. Um trabalho de proximidade com as seleções mais jovens que assegurarão o êxito futuro e que já teve agora um importante reflexo.
E o Futuro? Este momento é de facto histórico. Ponto, mas não é ponto final. Tenho-o dito com insistência que a nossa ambição é merecer estar com regularidade nas fases finais de europeus e mundiais e até olímpicos. É um desafio brutal, pois por um lado, outros países estão a investir muito mais no desporto do que nós e, por outro, Portugal deixou de ser surpresa e passou a ser uma realidade na elite do Andebol europeu, com tudo o que isso implica. Não será fácil e é necessário saber gerir com inteligência o próprio sucesso, mas se fosse fácil estariam cá outros.
Temos de aproveitar este momento para fazer chegar o Andebol mais longe, junto dos jovens e fazer com que aqueles que possam vir a apoiar a modalidade nos olhem de uma outra forma.
Uma referência especial à dupla de arbitragem - Ricardo Fonseca e Duarte Santos, que tiveram participações de alto nível no Europeu de Andebol.
Uma nota de agradecimento para "O Jogo" e para o jornalista Rui Guimarães, alargada a toda a comunicação social que acompanhou este Europeu. Levaram longe o Andebol e dessa forma os portugueses passaram a sentir a modalidade de uma outra forma. Pena que a RTP tenha chegado tarde ao Europeu, mas esse é tema para outro texto.
Para terminar, e usando de novo a "pontuação" para descrever este momento no Europeu, diria que foi um ponto e vírgula porque isto é para continuar. Obrigado.