Luís Filipe Vieira é hoje entrevistado na Benfica TV. Com dois meses de atraso, no mínimo.
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Já aqui defendi que o Benfica se entreteve a regar dois males em vez de cortar pelo menos um deles pela raiz: assobiou para para o lado nas semanas de especulação sobre o futuro de Jorge Jesus e depois assobiou para o ar à espera que do céu caísse uma resposta para resolver o tresloucado ato de Cardozo no final da Taça de Portugal. As indecisões só podiam dar nisto - um fogo de duas frentes, ampliado pela derrota na Madeira.
Não há decisões perfeitas e muito menos unânimes: as saídas de Jesus, de Cardozo, dos dois ou de nenhum teriam sempre apoiantes e contestatários. Mas, havia um tempo certo para as tomar. Prescindir de Jesus ou de Cardozo teria sido lógico em maio; e mesmo manter os dois, forçando-os a um entendimento à base de anti-inflamatórios para desinchar os egos, pareceria aceitável se tivesse sido explicado em junho/julho. Ninguém abriu a boca. Chegamos a agosto com o treinador a dizer que Cardozo é um problema da SAD. Não interessa de quem é, o que realmente ficou bem claro é que continua a ser um problema. E esse é o verdadeiro drama que não diminui com o tamanho da multa que se sugere agora para o avançado, nem com um eventual negócio de milhões de última hora. Será sempre necessário correr atrás do prejuízo destes meses à deriva. Vieira deixou passar os timings para decidir e também para explicar; preferiu gerir o silêncio até ele virar uma ensurdecedora gritaria. E no meio desta gritaria já se perdeu algum bom senso e acenderam-se outros rastilhos, inevitáveis nesta fase do mercado: Matic, Salvio, Garay, Luisão...
O que se espera hoje de Luís Filipe Vieira, que será entrevistado pela Benfica TV, é uma mensagem clara, porque fogo há que chegue. A dúvida é: resistirá à demagogia das cortinas de fumo?