JOGO FINAL - Uma opinião de José Manuel Ribeiro
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Chelsea, Barcelona, Paris Saint-Germain, Real, Bayern e agora Atlético de Madrid. Pelo segundo ano consecutivo, Cristiano Ronaldo deixa vingar a imagem de que anda a enviar currículos para todos os contactos do Linkedin* inscritos na Liga dos Campeões.
Pela segunda época seguida, Ronaldo distribui currículos pela Europa fora, mas recusa-se a atualizá-lo para as suas atuais condições.
Até agora, os únicos resultados são uns quantos títulos de Imprensa desabonatórios. "Tuchel veta contratação de Ronaldo"; "Ronaldo recusado pelo Real Madrid", "Mais um gigante europeu dá nega a Ronaldo", "A razão pela qual ninguém quer contratar Ronaldo atualmente", e por aí adiante, a um ritmo de lapidação diário que ele dispensaria no lusco-fusco da carreira.
Por surpreendente que isto pareça a muita gente, há várias justificações plausíveis para rejeitar Cristiano. Para começar, a técnica. Boa parte dos treinadores, Tuchel entre eles, favorecem os avançados de muito trabalho defensivo. Depois, os números. Nas primeiras épocas de Ronaldo na Juventus e agora no regresso ao United, a média de golos dessas equipas não cresceu, apesar de ele ter continuado a marcar: em ambos os casos, a média foi pior do que as das quatro épocas precedentes, pelo menos. Cingindo-me só ao campeonato, tanto Juventus como United produziram, com ele, menos 16 golos do que na época precedente.
Durante o percurso, e ao contrário de outras fases da carreira em que mostrou lucidez, Ronaldo também fez sempre questão de combater, tão publicamente quanto possível, qualquer outro papel que não fosse o da estrela absoluta. É o melhor finalizador do mundo. Aos 50 anos, continuará a ser a peça milagrosa que todos os treinadores gostariam de ter para esses momentos do jogo, mas precisa de aceitar que cada vez é menos adequado para todos os outros e abraçar uma função mais cirúrgica.
Se a espiral de negas o trouxer para Portugal e para o Sporting, será Natal todos os dias na Liga e (se forem inteligentes) nas sedes de todos os clubes. Só poderia haver uma notícia melhor: se Ronaldo chegasse e esclarecesse, logo no aeroporto, que joga onde, quando e quanto Amorim quiser.
*Rede social especializada no emprego