VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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A ideia de jogar bem e vencer merece uma contra-análise neste início de época do FC Porto. Cada vez que a equipa ultrapassa os mínimos e liga os médios, jogando bons períodos de futebol, convencendo os adeptos e colocando os adversários em sentido, acaba por perder o jogo. Assim foi com Benfica, por duas vezes e, esta semana com o Barcelona. Erros individuais, expulsões ou decisões absurdas de arbitragem à parte, há um jogo de sorte e azar que o FC Porto tem jogado ao contrário. Se a sorte se faz por merecer, tem andado desaparecida quando a equipa merece.
Quando as exibições são fracas ou médio menos, a vitória tem surgido ainda que nos últimos minutos e a saca-rolhas. Há quem acredite numa vacina para o nervosismo, fruto da habituação e que é a ela que nos sujeitam. Ninguém se revê em corridas de contrarrelógio, lutas contra o tempo. É esta ideia de desmerecimento que compensa que a equipa procurará contrariar hoje, no Dragão, frente ao Portimonense. Apesar do esforço gigante frente aos catalães, o FC Porto tem de dar finalmente a pontuação e atenção máxima à realidade nacional e aos adversários teoricamente mais fracos, ser capaz de convencer frente a adversários que encolhem o campo, que conhecem e habitam a realidade de entrar para conter. Jogar bem e ganhar, há sempre uma primeira vez na temporada e pode ser já hoje.
Sobre perder uma oportunidade para vencer o Barcelona, sabendo que há sempre um jogo mais em Montjuic para disputar. Até ao erro individual de Baró, a impressão digital do jogo reforçava a identidade de vitória. Sentia-se. A equipa continha o jogo interior do Barça de forma notável, dava posse mas nunca o controlo ao adversário, era focada, expedita e equilibrada na forma como chegava à baliza adversária. Com o balde de água gelada servido à saída para o intervalo, era sobre o testemunho mental do colectivo que os adeptos elaboravam teses. O teste à capacidade deste conjunto de jogadores passou, segundos quarenta e cinco minutos, sem mais golos mas com muita resiliência, crença e qualidade. Um penalty por marcar sobre Taremi, claríssimo e sem que o VAR desse da sua graça, chancelou mais uma arbitragem onde todos os lances discutíveis foram decididos para o mesmo lado. A falta de eficácia fez o resto.
Contamos ausências e novas caras como opções na equipa titular. Fábio Cardoso, David Carmo, Nico González, Romário Baró, Iván Jaime e Alan Varela, têm sido chamados recorrentemente e alguns deles parecem ter o seu lugar quase garantido. Há uma equipa a reformular-se à vista de todos, perante saídas e ausências mais ou menos forçadas. Com mais um teste à nova realidade, hoje, no Dragão.