Nas duas jornadas que sobram, resta-nos virar a tabela de pernas para o ar e encontrar interesse nas aflições alheias
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Um campeonato, dois campeões. Longe vão os tempos em que o segundo era apenas o primeiro dos últimos, porque o cheque da Champions pode não ficar exposto nas vitrinas dos museus, mas é um jackpot capaz de permitir que estes continuem de portas abertas. O Sporting não foi ao Marquês, mas tem motivos para acenar-lhe e piscar o olho à distância. Tempos de Paulo Bento houve em que o segundo lugar já não bastava para satisfazer os sportinguistas e, porque a memória do futebol é curta, mesmo depois de um ano tão bom como este, a pergunta seguinte é mesmo essa: o segundo lugar será suficiente até quando? Para o Benfica, os cheques da Champions já não faziam efeito. A maior prova de maturidade não foi dada ontem, nem sequer nos duelos com o FC Porto. A maior prova de maturidade deste Benfica campeão foi dada logo no início da temporada: as coisas não arrancaram bem, numa altura em que as memórias da última época ainda faziam o sangue ferver, mas resistiu-se ao ímpeto das revoluções precipitadas. E resultou. Não era seguro, como o FC Porto pôde comprovar, que essa resistência à mudança fosse uma receita infalível, mas, na Luz, havia a cobertura de um plantel experimentado e equilibrado.
Resolvido o título, arrumada a Europa, sobram duas jornadas para virar a tabela de pernas para o ar e encontrar entusiasmo na aflição dos outros.