APITADELAS - Um artigo de opinião de Jorge Coroado.
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Porventura, a evolução e desenvolvimento técnico e científico terá contribuído para se perder respeito, não pelas relíquias, sim por quem no passado deu contributo desinteressado pela conquista de mais e melhores condições aos vindouros.
Descurando razões próprias, demonstrando falta de autonomia e independência intelectual, deixam-se ludibriar por palavras inócuas, depositando confiança em quem, com relutância fingida, como se o reconhecimento que lhe tributam seja arrancado contra sua vontade, julgam tratar-se de autêntico pecado ignorar o que consideram ser portento de dedicação e empenho na defesa do coletivo, esquecendo que os portentos não são de interpretação fácil.
Talvez por recearem que os espíritos dos "mortos" se mantêm sempre presentes, quem assim se comporta, embora desconheça como e a que custo o conseguiram, age na convicção de aqueles que levaram uma vida santa desfrutavam e desfrutam de poderes quase ilimitados capazes de lhes conceder recompensa pela adoração tributada. Olvidam, embora não passe de uma satisfação fria, intelectual, o labor ser fonte de jubilação, sobretudo quando se consegue desembruxar soluções para questões emaranhadas, porém, há gente menos propensa a esforços comuns, antes disposta a artifícios mais proveitosos, que percebe e sente que sem manigâncias a sua vida ficaria reduzida a um longo inverno.
Assim, andando permanentemente na busca de quem ludibriar, torna-se popular entre "pobres e ignorantes", convencendo-os ser um deles e, ao invés, mostra àqueles que lhe podem dar ganha-pão, estar disposto a ser joguete nas suas mãos, sem produzir nada de proveitoso por onde passa, mais parece globetrotter da arbitragem.
Lacunas
É imperioso quem de direito, com autoridade administrativa, técnica, ética e moral, reconhecer a gritante falta de autonomia e incapacidade decisória existente nos árbitros atuais. Lacunas não advindas da introdução do VAR, ferramenta esta que, contribuindo sobremaneira para o alijar daqueles predicados essenciais a quem, em fração de segundos, tem de tomar decisões, veio, simultaneamente, colmatar as referidas limitações. É possível, conceda-se, tratar-se de algo transversal a uma geração habituada a reclamar e a ter sem necessitar de justificar ou lutar para conseguir. Seleção, formação, acompanhamento e promoção na arbitragem têm de ser revistos com rigor e exigência.
Não perceberam
Antes do início da presente temporada, o IFAB promulgou pequenas alterações, instruções e esclarecimentos sobre as regras e sua aplicação. Das elucidações, a mais significativa, desnecessária se existisse adequada compreensão e interpretação do corpo humano quando em movimento e perante situações inesperadas, pousou no uso das mãos e braços. De tal aclaração resultou, linearmente, que jogar a bola com o braço encostado ao tronco deixou de ser falta. Porquê? Jogadores calinos, rapidamente perceberam que tendo braços naquela posição podiam inclinar o corpo e, assim, travarem ou perturbarem movimento da bola sem serem punidos. Porque os árbitros ainda não perceberam isto?