Há um padrão nas compras mais caras dos clubes grandes, sobretudo Benfica e FC Porto, que desaconselha investimentos maiores que a perna. Darwin foi um caso de convicção.
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Na mesma semana em que transformou um investimento de 24 milhões de euros em 75 (sem os bónus), o Benfica deverá conformar-se com a perda de dinheiro no regresso de Everton Cebolinha (20 M€) ao Brasil.
Darwin Nuñez é um caso excecional. As compras mais caras dos clubes portugueses tendem a não compensar, ainda que habitualmente eles consigam recuperar grande parte da despesa ou até lucrar.
Entre os cinco reforços mais dispendiosos do Benfica estão Raúl Jiménez (que nunca chegou ser um verdadeiro titular, apesar da qualidade), Everton, Raúl de Tomás e Pedrinho. Os dois maiores golpes de mercado do FC Porto foram Óliver Torres e Imbula (20 M€), histórias diferentes de fracasso desportivo ou mesmo, no exemplo do espanhol, de prejuízo financeiro. O Sporting nunca chegou a esses valores, mas Rúben Vinagre é a sua quarta maior compra de sempre (10 M€) e não tem um estatuto condizente na equipa.
Mesmo Abel Ruiz, no Braga (8 M€), está longe de um rendimento à altura do rótulo de contratação mais cara.
Todo este cadastro hipervaloriza o risco corrido pelo Benfica quando pegou em Darwin. Faltavam-lhe golos num currículo curto e de II Liga, quase sem seleções jovens até, e passara por uma lesão grave. Acredito que tenha sido uma vitória da informação, porque o Almería estava em mãos portuguesas. Se calhar, nunca saberemos quem foi o intermediário, algures nessa cadeia alimentar, que desencantou dotes argumentativos para convencer os gabinetes, mas não deve ter sido fácil. Qualquer gestor que olhasse para o histórico acima relatado torceria o nariz.