Férias? Período transitório para refletir e planear
Pedro Sequeira, vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal, membro da comissão de métodos da Federação Europeia de Andebol, presidente da Confederação de Treinadores de Portugal e professor coordenador de Ciências do Desporto em Rio Maior, opina em O JOGO sobre a atualidade desportiva
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As competições oficias de andebol de pavilhão terminaram no passado mês de junho (apenas os Encontros Nacionais de Infantis Femininos e Masculinos prolongaram-se para o início do mês de julho). Durante o mês de julho decorrem as competições oficiais de andebol de praia bem como as competições internacionais das seleções jovens (onde Portugal participa este ano em todas!!) que se prolongam por agosto. Em finais de julho, início de Agosto os clubes da I divisão de seniores masculinos regressam aos trabalhos. Durante o mês de agosto as restantes equipas de seniores msculinos e fmininos regressam aos trabalhos, bem como algumas equipas dos escalões de frmação mais velhos (juvenis e juniores). Depois durante o mês de setembro as restantes equipas dos mais diversos escalões retomam também a sua atividade.
Mas hoje abordamos aquilo que se passa no período que eu designo de transitório (que se encontra entre o período competitivo da época que terminou e o período preparatório que representa o início da nova época). O período transitório confunde-se com férias. Na verdade, atletas, treinadores e dirigentes dos clubes necessitam de um período de descanso. Para todos este tempo é fundamental para recuperar energias para a época seguinte. Enganam-se aqueles que acham que este período é apenas para os atletas profissionais. Todos os atletas, mesmo os dos escalões de formação, necessitam deste período. Para os mais jovens, significa também o descanso das atividades escolares (ensino básico, secundário ou superior). Para os mais velhos pode coincidir com as férias dos seus empregos. Para todos, fundamental tempo com a família e amigos.
O período transitório para as crianças e jovens deve rondar um máximo de seis semanas, para os mais velhos e escalão de seniores não deve ultrapassar as quatro semanas. E para que a condição física geral e especifica não desça demasiado, é importante para os atletas manterem uma atividade regular. Neste período o andebol pode ser substituído por atividades na praia (nadar, raquetes, etc.) ou por atividades desportivas diversas (padel, ténis, natação, corrida, etc.). O andebol de praia também poderá ser uma boa alternativa.
Para os dirigentes e, principalmente, para os treinadores (de todos os escalões), este período deverá servir para refletir na forma como decorreu a época anterior e preparar a próxima. Os treinadores deverão preocupar-se em construir o seu planeamento anual, perceberem o tempo que os seus atletas terão de período transitório (os que tiverem mais do que as quatro ou seis semanas anteriormente referidas deverão ter planos de treino individualizados), adaptar o seu planeamento para aqueles atletas que estão ao serviço das seleções, acompanhar a recuperação dos atletas lesionados, procurarem novos atletas para as suas equipas, estarem em contacto com os dirigentes para aferirem das condições de treino e competição para a época que se avizinha, entre tantas outras tarefas.
Os dirigentes, por outro lado, deverão estar já nesta fase a concluir os orçamentos para a época que se avizinha, inteirarem-se dos recursos humanos que necessitam (atletas, treinadores, outros dirigentes), preocuparem-se em auxiliar os treinadores na preparação da próxima época, prepararem todas as questões administrativas com as associações regionais e federação, entre outras tarefas. Obviamente que os clubes mais organizados e com melhores condições poderão começar a preparação da época seguinte mais cedo, ainda dentro da época que está a decorrer.
Este período transitório, quando bem utilizado e valorizado é, na maior parte das vezes, a chave de sucesso para a época seguinte. Deve, por isso, não ser descurado nem desvalorizado.
Boas férias para todos!