HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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O FC Porto fez uma tremenda exibição frente ao Inter. Que não é uma equipa fácil mas não é superior aos dragões.
A receita foi perfeita: pressão na dianteira para impedir a construção italiana; marcação acertada no miolo, sem nunca cair no desequilíbrio das peças e protegendo-se um pouco mais os laterais; e determinação a sair para o ataque, sabendo-se que o Inter dá algum espaço nas transições defensivas. E se Diogo Costa esteve a um nível top, o guarda-redes que fez mesmo a diferença no jogo foi Onana, com três defesas monumentais.
Todavia, pequenas cáries condicionaram aquela que teria sido uma viagem de sonho. Em primeiro lugar, a perceção de que, por muito que taticamente tenham sido irrepreensíveis, as pedras nucleares dos dragões - Otávio, Uribe e Galeno - estiveram um pouco abaixo em termos de resposta física. Em segundo lugar, a verdadeira essência do jogo: o golo. De facto, as finalizações de Zaidu e Taremi foram demasiado felpudas e impõe-se um pouco mais de risco na altura do remate. Mesmo sem Otávio, o FC Porto é melhor e deve seguir em frente.
9 Diogo Costa de top mundial
Não há dúvidas: a defesa que efetuou já nos descontos da primeira parte a cabeceamento de Bastoni é incrível e só está ao alcance dos melhores. Mas há duas características que sobressaem ainda mais: em primeiro lugar, um jogo de pés invejável que faz com que, por exemplo, Grujic não hesite em passar-lhe uma bola em condições de risco; e, em segundo, a rápida recuperação psicológica que evidenciou no período pós-eliminação de Portugal frente a Marrocos. Porque bons não são aqueles que nunca erram mas aqueles que rapidamente deixam tudo para trás, as respostas de Diogo Costa revelam maturidade assinalável para um jogador ainda muito jovem.
8 Pedro Gonçalves: na hora certa
Por muito que o Sporting fosse superior ao Midtjylland e a qualificação tivesse sido natural, houve situações que facilitaram o desfecho positivo. Desde logo, e à semelhança do que aconteceu em Alvalade, o aproveitamento de situações de bola parada, com Coates em evidência. E a exponenciação de um elemento - Pedro Gonçalves - dotado de atributos consideráveis na altura da finalização. Com Morita recuperado e a ocupar o seu lugar no meio-campo, o Sporting ficou a ganhar com Pedro Gonçalves na dianteira, ele que carimbou a qualificação logo a abrir a segunda metade quando não pediu licença para rematar. Útil no meio-campo mas letal na frente.
7 Nigel Thomas: golaço
Marcou um dos melhores golos da temporada frente ao Estoril: descaído para a esquerda, fletiu para dentro e, de ângulo difícil, disparou remate absolutamente imparável. Jornadas antes, frente ao Rio Ave, apontou bola parada com desenho algo semelhante que valeu três pontos. Rápido e tecnicista, destacou-se diante do Benfica quando foi um dos melhores em campo e causou algum alvoroço na linha defensiva encarnada. Num Paços que tem jogado bem melhor após o regresso de César Peixoto, a imprevisibilidade e capacidade de desequilíbrio de Nigel Thomas podem ser determinantes nas contas finais da manutenção. Com 22 anos, tem margem para crescer.
Sporting: fava ou talvez não
O Sporting vai enfrentar o Arsenal nos "oitavos" da Liga Europa e a leitura pode ser benéfica: com o Arsenal concentrado na liga inglesa, a tendência pode ser para relaxar na Europa; depois, quem ultrapassa o Arsenal ganha um tónico emocional. E o jovem leão precisa destes embates para crescer. Mesmo que perca.