PLANETA DO FUTEBOL - A análise de Luís Freitas Lobo.
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1 - Todos os títulos têm a sua história. A deste campeonato será escrita quando a distância no tempo permitir-nos ter uma percepção mais racional sobre tudo que invulgarmente o rodeou.
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Desde os sete pontos de diferença entre FC Porto e Benfica que se inverteram em poucos jogos, até à paragem e retoma de bancadas vazias com máscaras. Muitas variantes entraram ao longo destes tempos sem sombra de semelhança com outros já alguma vez vividos.
Seja em que cenário ou mundo for, a conquista de um título implica, porém, colocar sempre o nome dessa equipa em maiúsculas e motiva procurar pelo que mais nos emociona ao vê-la jogar. Aromas azuis e brancos: a segurança de Pepe, a coragem veloz de Alex Telles, o relógio de Sérgio Oliveira, os desdobramentos de Otávio, o poder de Marega (sempre problemático em diferentes versões) e, acima de todas as sensações, o talento intuitivo de Corona (sempre desequilibrador em diferentes posições, quase extremas).
2 - Mais um jogo, mais uma plantação defensiva adversária com três centrais (numa defesa a "5"). Para o FC Porto este tem sido um terreno habitual que tenta perfurar com uma "trituradora de pedra táctica" formada por dois pontas-de-lança: Soares e Marega, sempre prontos para chocar. Desta vez, Conceição nem queria, como é habitual, em trocas posicionais, ver nenhum deles a cair na faixa para fugir à marcação e arrancar. Quando Soares fez isso na primeira parte, logo lhe gritou para ir para a área. O objectivo era mesmo ter os dois a "amassar" os tês centrais do Tondela.
Mais uma vitória "pica-pedra" rumo ao título. Não adianta debater a qualidade de jogo de nenhuma equipa. Nesta fase, tudo compensa
Demasiados jogos do nosso campeonato disputam-se assim no clássico duelo "equipa grande-equipa pequena". O FC Porto aprendeu melhor a encarar esses "campos pequenos" de 30 metros de relva (o espaço em que se joga) feitos pelos adversários. O preço do metro quadrado fica muito elevado.
3 - A ironia é como estas estratégias tácticas de só "meio-jogo defensivo" (porque não existe plano para o outro "meio-jogo ofensivo") ficam expostas a que um simples lance de bola parada contrarie tudo que essa equipa fez (ou impediu o adversário de fazer) no jogo jogado. Assim surgiu o "golo desbloqueador" (no tráfego aéreo provocado por um canto com Danilo a subir lá cima). Então, a outra equipa descobre que, afinal, pode jogar também em mais campo mas, quase sempre, tarde de mais. Todos participam neste filme repetido.
O FC Porto ficou a 90 minutos do título. Por cima da discussão sobre o "jogar bem" ou a qualidade de jogo que, após a retoma, ambos os candidatos mostram nesta espécie de estranho minicampeonato, o mérito do resultado é tão antigo como o futebol. Nesta altura, tudo parece compensar.