Assistimos no passado fim de semana a dois jogos dos representantes portugueses na Liga dos Campeões, com diferentes resultados. Mas o maior destaque até vai para quem perdeu
Na segunda jornada da Liga dos Campeões, o Sporting venceu os eslovacos do Tatran Presov, por 32-24, e o FC Porto perdeu com os macedónios do Vardar, por 27-32. Apesar da derrota, o destaque vai, mesmo assim, para o FC Porto, que jogou na casa do campeão europeu, um "habitué" na final four desta prova.
Analisando o jogo, o FC Porto teve duas partes completamente distintas. Na primeira, o sistema defensivo 6:0 resultou em pleno, conseguindo quase sempre ter superioridade numérica defensiva no lado do jogador com bola. Toda a primeira linha do Vardar funcionou de forma menos eficiente e a sua relação com o pivô foi muito bem anulada pelas ajudas permanentes entre os jogadores. Essa primeira parte foi de um brilhantismo impressionante. A certa altura, o FC Porto não só não se atemorizou como dominou e deu espetáculo. Recordo um contra-ataque com um passe de costas de Areia para Iturriza, que obrigou todo um pavilhão a reconhecer com palmas.
No início da segunda parte, o FC Porto apresentou-se menos bem, permitindo ao Vardar dar a volta ao marcador e passar para a frente por três golos de diferença. Os macedónios desarmaram, por completo, todo o efeito psicológico de uma equipa com menos currículo, como é o FC Porto, e que ao intervalo vencia na casa do campeão europeu.
Para mim, o Vardar foi a primeira equipa a saber defender o 7x6 do FC Porto, sendo claro que o treinador espanhol David Pisonero deu indicações ao segundo defensor para não sair ao Fábio Magalhães e anulou completamente os habituais passes, ou para o Salina ou para o Diogo Branquinho, obrigando Fábio a assumir o remate de primeira linha ou a passar a bola para o central.
Isto resultou num número anormal, para um jogo da Liga dos Campeões, de golos sem guarda-redes na baliza do FC Porto.
Acho, e continuo a achar, que Magnus Andersson é dos melhores treinadores que está em Portugal, mas o uso em excesso do 7x6 faz com que a sua equipa tenha grandes dificuldades em jogar 6x6. Desta vez, e quando o 7x6 não resultou, Magnus Andersson não foi capaz de mudar.
Em relação ao Sporting, venceu os eslovacos do Tatran Presov, um adversário muito mais acessível, por 32-24, conseguindo somar duas vitórias em dois jogos.
O Sporting, estando na terceira presença consecutiva na Liga dos Campeões, já joga com uma maturidade de quem luta efetivamente para vencer as partidas.
O sistema defensivo 6:0 do Sporting, está mais agressivo, mais profundo, e, o que já é também claro, para este Sporting de Tierry Anti quem quer jogar tem de saber defender, uma vez que normalmente não há substituições.
A subida de rendimento de Edmilson Araújo, Frade, Carol, Ruesga e Cudic tem sido evidente.
O Sporting começou o jogo a perder, mas o seu sistema defensivo dava sinais de que iria valer um resultado positivo.
No ataque, as ações ofensivas, apesar de organizadas e pacientes, são pensadas para a qualidade dos seus executantes e para a riqueza dos seus pivôs. Mesmo adversários defensivamente fortes têm de contactar os executantes da primeira linha do Sporting. Se deixam a primeira linha rematar sofrem golo, se saírem ao contacto a bola "cai" no Luís Frade, que, já ninguém tem dúvidas, é o melhor pivô português da atualidade.
A apresentação do lateral Marko Vujin não só trará ao Sporting muito mais soluções nas ações ofensivas, como aumentará ainda mais a capacidade da sua já muito forte primeira linha.
Frente ao Presov, o Sporting venceu de forma indiscutível, aumentando as possibilidades de se apurar para a fase seguinte.
Dirigentes, treinadores, jogadores e público do Sporting e FC Porto estão de parabéns! Estas são as equipas que mais público têm nos seus jogos em casa. Temos de agradecer e desejar que continuem a investir e a desenvolver os seus projetos desportivos e que nos permitam ter a sorte de assistir ao vivo a mais jogos deste valor.
