A análise de Luís Freitas Lobo ao desaire do FC Porto frente ao Chelsea (0-2).
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O primeiro sinal de ver o FC Porto subir o bloco correspondeu ao posicionamento em bloco médio-baixo do Chelsea.
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Desta forma, o onze portista lançou taticamente o jogo a pressionar alto, sabendo depois defender com uma linha defensiva de seis, com o recuo dos extremos Corona-Díaz e os laterais Manafá-Zaidu por dentro. Nesse território em superioridade numérica e mais agressivo nos espaços, controlou o corredor central. Não deixou sair o duplo-pivô (Jorginho-Kovacic) e subiu Uribe para, com Otávio, ganhar a zona ofensiva entre linhas.
O Chelsea abordou o jogo como se estivesse mesmo a jogar fora (segurar e procurar o golo fora é importante). E assim chegou ao 0-1, quando um passe de Jorginho furou a tal organização defensiva portista (no espaço coberto por Zaidu). A bola passou e Mount, após uma receção orientada de luxo, marcou. Um resultado que fugia à lógica do jogo.
Foi das partidas, com Tuchel, que o Chelsea teve mais dificuldade em impor a transição defesa-ataque
A chave que decidiu
A gestão tática de expectativa do Chelsea manteve-se na segunda parte. A pressão do FC Porto comia metros e ameaçava a defesa inglesa, que fechava a cinco, com os "zig-zags" de Luis Díaz (já sem obrigação de recuar) e a força de Marega em cima dos três centrais.
Foi das partidas, na gestão de Tuchel, que o Chelsea teve mais dificuldade em impor o seu jogo na transição defesa-ataque. Perante essa situação, não teve dilemas em recuar e defender. O FC Porto tinha a bola, aumentava a intensidade e circulava para ver por onde entrar. O Chelsea acompanhava e cobria (já em bloco-baixo, num 5x4x1 compacto), mas sem segurar bola.
A segunda parte com sentido único de ataque portista levou Tuchel a meter o "motorzinho" Kanté para segurar o meio-campo. Foi quando estabilizou o jogo. De repente, passou a (contra)atacar melhor porque conseguira tocar no ponto tático chave: o centro do jogo. Meteu uma bola na barra, cheirou erros, fez o 0-2 e construiu um resultado que foi (quase) o inverso do jogo.