VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Alguma razão haverá para que uma equipa que tem apenas dois empates nos últimos 13 jogos, envolvida na luta por todas as competições em disputa (Liga dos Campeões, Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga) e já com uma Supertaça conquistada no início da época, não apresente uma regularidade acima da média.
Histórico. Um dos empates recentes, frente ao Mafra, não comprometeu a progressão na Taça da Liga. O início desastroso na Liga dos Campeões não impediu que esteja nos oitavos de final da prova, depois de vencer os últimos quatro jogos da fase de grupos.
Na Taça de Portugal, a seriedade no jogo frente ao Ac. Viseu poderá aproximar a equipa das meias-finais. O que separa o FC Porto da liderança da Liga não se explica pelos números. A regularidade, aquela que alicerça campeões nacionais, ainda não apareceu esta época.
Nesta altura, pede-se uma equipa que entre em velocidade cruzeiro. São aquelas equipas que resistem ao desgaste, embaladas pelas rotinas, as que melhor se aproximam de dobrar cada jornada com maior facilidade, sem tormentas inesperadas que, tantas vezes, autoconvocam. O FC Porto depende agora de deslizes dos outros porque não foi capaz de encontrar o estado de espírito para navegar sem "start-stop", solavancos, sem materializar a superioridade que tem obrigação de apresentar, com sangue, suor e sorrisos. Os jogos fora de casa têm elevado a fasquia de dificuldade para zonas de interrogação injustificáveis. Em campo, não parece haver ansiedade. Apenas uma incompreensível desconfiança ao espelho que se faz acompanhar de apatia. No extremo inverso dos jogos no Dragão, o campeão que joga fora de casa por vezes parece estar a cumprir calendário.
De regresso ao regaço dos adeptos, a vitória frente ao Famalicão será tão importante na luta pelo título como na corrida para poder alcançar um eventual segundo lugar. Seja qual for o resultado no "derby" lisboeta, será imperdoável qualquer falta de noção sobre a responsabilidade se nos mantermos vivos para dar luta até ao fim. Já ganhámos campeonatos com folga, com atraso pontual assinalável e a morder os calcanhares. O ímpeto vencedor vem de dentro e os adeptos já viram, vezes suficientes, esta equipa a jogar contra si, como o seu maior adversário. Parece mais simples do que é, mas por vezes, basta um "click" de motivação, confiança e entusiasmo. Acreditar, sempre.