A jornada abriu com um belo espetáculo de futebol, no qual ficou bem patente que o campeonato não são apenas os três grandes. Treinadores ambiciosos e jogadores com talento merecem outra atenção
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As audiências do Famalicão-Braga não bateram recordes na Sport TV e, seguramente, ficaram atrás de um qualquer programa onde se discute tudo menos o futebol dentro das quatro linhas, alimentando sobretudo a irracionalidade de adeptos que não conseguem ver mais do que as cores do clube que defendem cegamente. Mas, para quem gosta mesmo de futebol, assistir a esta partida no Municipal de Famalicão foi um momento de puro prazer, por tudo quanto os jogadores empregaram em campo, pela riqueza tática dos treinadores e, principalmente, pela ambição que as equipas demonstraram em chegar à vitória.
Perceber, no final da partida, que os famalicenses ficaram frustrados por “apenas” terem empatado com o Braga é um sinal importante para a afirmação dos mais pequenos. Ver que o Braga também ficou com um sabor amargo por ter conseguido somente um ponto numa deslocação tão difícil como esta, por tudo o que o adversário tem feito, é também um indicador de que a ambição dos guerreiros está mais alta do que nunca. Hugo Oliveira estreia-se como treinador principal no Famalicão, após larga experiência em grandes clubes, na Seleção Nacional e em Inglaterra; Carlos Carvalhal tem tarimba para dar e vender e mostra que talvez nunca tenha sido verdadeiramente reconhecido.
É hora de olharmos com maior atenção para o que os outros vão fazendo, porque os três grandes têm mais do que obrigação de dominar e muitas vezes não o conseguem. Um aplauso para quem contraria os poderes instituídos e luta com armas desiguais. O futebol português precisa de novas mentalidades e desta saudável ousadia.