A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Só um totó devidamente encartado terá dúvidas de que os irresponsáveis comportamentos de Enzo Fernández tiveram por base promessas que lhe foram apresentadas como factos consumados.
Afinal, constatou-se, não eram se não "chico-espertices" sul-americanas inadmissíveis em clube da Premier League, se bem que corriqueiras para empresário mal formado, ganancioso e sem escrúpulos.
Esbarraram todas na corajosa intransigência de Rui Costa, que mostrou que os valores das cláusulas de rescisão não são - literalmente - para inglês ver e que só um clube português como o Benfica pode virar costas a propostas de larguíssimas dezenas de milhões de euros por um jogador.
2 De seguida, entrou Roger Schmidt em cena. Com a classe, a simplicidade e a franqueza que lhe são habituais, deu a explicação que, a um só tempo, preservou os interesses do clube e desresponsabilizou de forma paternal e pedagógica Enzo, preparando os irados adeptos para o que aí vem: o Benfica, vítima em todo este vergonhoso processo, não pode ficar com o pior dos dois mundos, isto é, sem os milhões na conta bancária e sem o contributo do jogador.
3 A não convocação de Enzo para o jogo de sexta-feira impunha-se: havia que lhe aplicar um castigo, preservar a união da indignada plateia da Luz no apoio à equipa e evitar oferecer ao jogador pretextos para no futuro alegar falta de condições para o exercício da sua atividade no clube. Faltou, ou está em falta, uma retratação convincente de Enzo junto da família benfiquista, para que esta o possa receber como um filho pródigo no dérbi do próximo dia 15.
4 Depois da copiosa derrota com o Braga, a receção ao Portimonense revestia-se de transcendente importância. A somar a tudo o que já bastava, tínhamos a ausência de Rafa: o maior "saco de pancada" da Liga viu o quinto amarelo na Pedreira, feito tanto mais extraordinário quanto se sabe que Pepe recebeu até agora um amarelo na Liga e Otávio, esse modelo de bom comportamento, foi zero vezes admoestado - não fez faltas duras, não interrompeu jogadas de perigo, não esbracejou protestos e não se dirigiu em termos inadequados aos árbitros nos mais de 870 minutos que leva jogados na competição!
5 Frente aos algarvios, com Neres poupado no banco e Chiquinho e Draxler - acorda, homem! - em campo, fomos capazes de juntar o agradável ao agradável: uma boa exibição - nossa senhora, tantas oportunidades de golo desperdiçadas - e os três pontos da vitória. Obrigado Rui, obrigado Roger, vamos Benfica!