Falta um líder dentro de campo que Varela já demonstrou não parecer ser

Nem tudo resiste à comparação. A derrota inusitada e histórica do Sporting em Alvalade, a primeira desta Liga que põe término a um ciclo vitorioso de 11 jogos a ganhar e coloca leões a morrer na praia de outro recorde de jogos consecutivos sem perder na Liga (32), pode ser entusiasmante para os adversários, mas não deve disfarçar desgraças próprias. Finalmente, ao fim de 53 jornadas, o Sporting ficou em branco no campeonato. A cânula de luz aberta pela saída de Ruben Amorim para o Manchester Unitel e pela entrada trôpega de João Pereira, tanto em campo como nas conferências de Imprensa, diz mais sobre o sonho alheio do que sobre a realidade. Como o FC Porto bem demonstrou na Bélgica, há muito para fazer para que se resolva o problema de autoestima da equipa, pelo que não será à custa das desgraças pontuais dos outros que conseguiremos qualquer aproximação ao sucesso. Assim sendo, foco total no que temos para fazer e melhorar para vencer o Casa Pia, amanhã. Após quatro jogos sem ganhar, qualquer vitória é decisiva.

A indecisão sobre a utilização de Galeno assomou aquando da chegada de Samu, acompanhada da baixa de rendimento de Pepê, a desilusão de Iván Jaime e a saída de cena de Vasco Sousa após excelentes prestações. O caos na defesa, com a alteração constante da dupla de centrais após erros de palmatória de Otávio permitiram a ascensão de Tiago Djaló mas reforçaram a intermitência de Nehuén Pérez, nomeadamente na operacionalização do momento do fora de jogo. Com tudo isto, Diogo Costa não é - nesta fase - o guarda-redes mais confiante do planeta. Há laterais proscritos e uma insistência fetiche em Namaso que só o prejudica quando depois nem sequer é alinhado para a Luz. Há muitas indecisões, mas sobretudo, falta liderança. Falta um líder dentro de campo que Varela já demonstrou não parecer ser e, olhando ao redor, não se encontra quem. Quem pega e carrega o peso de Pepe, cuja saída foi o maior erro de gestão desportiva da época?