Exemplo impossível e o dérbi que já se começou a jogar
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1 - O grupo de clubes e SAD designado como G15 tem sido uma espécie de contrapoder ou, pelo menos, um contrabalanço do poder que os três tradicionais grandes detêm no futebol. Têm conseguido algumas medidas que são benéficas - digo eu - na tentativa de transformar o campeonato português numa competição mais atrativa, mais igual e mais...competitiva. Que isso seja assim, isto é, que sejam os 15 a "olhar pela sua vida", na tentativa de se aproximarem dos três crónicos grandes e estes a reagir negativamente às propostas do grupo (presumo que ninguém gosta de largar mão do poder que tem), parece normal. O que já não seria normal, pelo menos em Portugal com estes "três grandes" do costume, seria a proposta que os três maiores clubes holandeses fizeram ao organismo que rege a competição profissional na Holanda; Ajax, Feyenord e PSV Eindhoven querem que 10% das receitas milionárias que os próprios angariam na Liga dos Campeões seja distribuído pelos restantes clubes da Liga holandesa. O objetivo, explicam os proponentes, passa por dotar todos os clubes de uma capacidade financeira mínima de forma a tornar a competição mais competitiva e elevar o nível do futebol holandês. E acabar com os relvados sintéticos é a contrapartida (justa) desta altruísta proposta. Em Portugal, nem em sonhos isto aconteceria...
Esperemos que a reprimenda do CA a Bruno Paixão tenha sido apenas uma coincidência. Fiquei com a "pulga atrás daorelha"...
2 - Soube-se esta semana que o Conselho de Arbitragem chamou Bruno Paixão, que foi o VAR do último Braga-Rio Ave, para lhe dar uma espécie de reprimenda pelo facto de não ter auxiliado corretamente o árbitro Tiago Martins no último lance do encontro, que daria (eventualmente) uma grande penalidade a favor dos forasteiros. Louva-se esta preocupação do CA em analisar os lances e chamar os árbitros ou videoárbitros que tenham decidido erradamente, numa tentativa de melhoria contínua dos homens do apito. Mas o que eu estranho é que tenha sido esta a primeira vez que uma reprimenda destas tenha sido dada com tamanho alarido público. Ou seja, não estarei a cometer nenhuma desonestidade se afirmar que este ano já muitas vezes árbitros e VAR erraram nas suas decisões, em lances mais ou menos capitais dos jogos. Mas, ao que se saiba, nunca nenhuma reprimenda foi anunciada de forma tão veemente como esta do CA ao Bruno Paixão e nenhuma atingiu tanto eco público. Por isso, que esta reprimenda tenha surgido num jogo do Braga, num lance em seu favor e numa altura em que o Braga está no lugar cimeiro da classificação, deve deixar-nos com a "pulga atrás da orelha". Esperemos mesmo que seja só uma coincidência. Mas se a isto juntarmos que o nosso próximo adversário, o V. Guimarães, veio, também esta semana, alegar publicamente que está sistematicamente a ser prejudicado pelas arbitragens, então poderemos concluir que o dérbi já começou a ser jogado mesmo antes de o árbitro ter apitado para o seu início.