VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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Que ambiente de jogo grande em Marrocos para mais uma exibição cinzenta no jogo de preparação com o WAC para o Mundial de Clubes, num estádio absolutamente lotado para ver uma equipa adversária em contradições, um pouco daquilo que os adeptos do FC Porto observaram dentro e fora de campo durante toda a época. Pouco depois de Diogo Costa fazer uma defesa monumental “à andebol”, Samu marca um golo na passada, pleno de confiança, naquela que terá sido a melhor nota de conforto para o futuro próximo: o avançado espanhol está num momento que ameaça descolar da mediania da equipa, o que pode ser fundamental para uma participação digna no Mundial de Clubes. Rodrigo Mora, apagado como por vezes acontece, guarda-se para o melhor que está para vir ou para a estreia na Selecção Nacional. Seja o que for que aconteça até lá, a estreia no Mundial daqui a 15 dias não parece ter acrescentado fome de sobrevivência à equipa. Nada mudou e, a continuar assim, contemos com mais do mesmo só que em horas madrugadoras.
O regresso de Vasco Sousa é uma belíssima notícia, não só por estar de volta após lesão grave, como também pela nota de equilíbrio, capacidade competitiva e fiabilidade que o médio na nossa “cantera” empresta ao jogo. Obviamente que não é possível exigir ao jogador uma ampla rotação ou influência directa imediata, tendo em conta que não há milagres após uma paragem tão longa, muito menos numa equipa que colectivamente joga pouco ou muito pouco. Com uma segunda parte onde Martín Anselmi aproveitou para rodar jogadores, a confirmação de que Tomás Pérez pode ser aposta na ausência de Varela (como foi o caso) ou em sua complementaridade. Num momento em que o FC Porto tenta contratar o indiscutivelmente valioso Gabri Veiga para o meio campo, box-to-box a tempo do Mundial, olha-se para os lados e para trás e sente-se que as prioridades são mais do que muitas e que talvez nem estejam no centro das decisões. Ainda assim, para este sistema táctico, um jogador que cozinhe jogo entre linhas é mesmo necessário.
As declarações de Frederico Varandas e de Rui Costa mereceram duras críticas de André Villas-Boas e a posição do presidente do FC Porto justifica-se plenamente perante o ultraje de ver como pecadores se transfiguram em santos beatos num piscar de olhos de leão ou como presidentes em fim de mandato decidem se vão a eleições através da medição do grau das suas explosões. Infelizmente tardias, as críticas de Villas-Boas talvez sirvam para os novos anjos caídos em desgraça abandonarem de vez o Dragão e para que se consiga contruir uma equipa, dentro e fora do campo, capaz de dar mais luta ao equilíbrio de contas onde só ganhamos um futuro não hipotecado mas sem títulos. Sermos bons alunos não chega, como a “troika” já demonstrou num Portugal dos pequeninos e no FC Porto.