Nych vai precisar de um belo trabalho de marketing
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Vladimir Efimkin, retirado do ciclismo há 12 anos - agora conta 41 e é (ou era) gestor de empresas -, ficou para a história da Volta a Portugal como o russo que a venceu em 2005, graças a uma surpreendente fuga na Serra da Estrela, ganhando 2m08s a Cândido Barbosa, o melhor dos favoritos.
O popular "Foguete de Rebordosa" recuperou tempo nas etapas seguintes, mas ficou a 34 segundos. Foi uma edição inesquecível e que lançou o então desconhecido para a alta roda, pois Efimkin correu em equipas de topo, foi sexto na Vuelta, décimo no Tour e ganhou uma etapa em ambas as Grandes Voltas.
A história de Artem Nych é radicalmente diferente. Campeão russo e já com seis vitórias no seu país, tentava dar o salto desde a Gazprom-RusVelo, rampa de lançamento de ciclistas russos, quando a guerra o tramou. O gigante de Kemerovo encontrou refúgio na Glassdrive-Q8, fala português ao fim de nove meses em Santa Maria da Feira e tornou-se na cartada da equipa que defende o título na Volta, em detrimento do colega Frederico Figueiredo.
Embora fosse um "plano C", Nych é aposta lógica numa corrida que acaba com um "crono", mas para os adeptos não será fácil aceitar a troca de um dos portugueses mais populares por um ciclista do país mais odiado da atualidade. Mesmo que venham a descobrir o sorriso permanente e a humildade do russo, que saibam ser contra a guerra na Ucrânia, ou que descubram estar Artem zangado com o pai por este apoiar Putin. Nych pode vir a merecer mais do que Efimkin, mas precisará de um belo trabalho de marketing.