VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Morder os calcanhares a 7 pontos de distância e a 7 jornadas do fim não era um exercício de estilo rigoroso.
Longe, demasiado longe, o FC Porto tentava colocar pressão na liderança do campeonato, após duas derrotas consecutivas averbadas pelo Benfica.
Aproveitar o momento, atirar com os últimos cartuchos. Após as duas derrotas em casa frente ao FC Porto e Inter, velhos-recentes conhecidos, um cenário que colocasse o Benfica a perder pontos em Trás-os-Montes introduziria a chave na fechadura de todas as dúvidas. Depois, caberia ao FC Porto cumprir a sua obrigação frente ao Santa Clara, a águia dos Açores. Os dragões apontavam a todas as asas, para diminuir a altura do voo. Encurtar a distância para voltar a sonhar.
A primeira parte em Chaves indiciava que mandar para lá do Marão dá trabalho. Embora sem que alguma das equipas conseguisse enquadrar um remate, os flavienses foram capazes de emperrar a máquina encarnada que apenas ameaçou a baliza de Paulo Vitor num par de vezes. Na primeira parte, o fundamental grau de acerto aflorava no quarteto defensivo do Benfica, algo insuficiente para ganhar os três pontos. Sem nenhum lance duvidoso, tudo ficava pendente de resolução nos segundos 45 minutos. Dois minutos após o recomeço, duas oportunidades numa só abriram a janela para o que pensava poder vir a ser um massacre. Nem nada que se pareça. Juninho, numa arrancada fulminante aos 52", mostra que o Benfica corre todos os riscos perante o balanceamento ofensivo. Valeu santo Vlachodimos, uma odisseia de mau amor entre os adeptos mas tão decisivo, e tantas vezes. Otamendi a escorregar é só uma metáfora. Veio o golpe final, com o Benfica a perder pela terceira vez consecutiva. A evidência da glória esfuma-se.
Perante a possibilidade de ficar a 4 pontos, o FC Porto foi tudo menos exuberante no Dragão. Podia ter resolvido na 1ª parte, mas tudo o que fez foi adensar ansiedade. A vitória, claramente o que mais importava, não sofre contestação e, agora sim, está reaberta a temporada em que se mordem calcanhares. Dois pares de pontos, 18 em disputa. Não há nenhum adversário que não peça que Roger Schmidt volte a renovar contrato e dê mais uns dias de folga sem estágio aos seus jogadores.
P.S.: Todo a afecto da família portista e dos amantes de futebol dirige-se a Stephen Eustáquio. Muita coragem para ele e para a sua família