HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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Rei vivo rei posto. A menos que o próprio CR7 tome a iniciativa de sair pelos seus pés, lá chegará o dia em que Martinez terá de lidar com o assunto.
Não será para já. Porque Ronaldo continua a ser do melhor que há em termos de exploração de zonas de finalização e a sua presença é sempre uma mais-valia.
E, nesta altura inicial, o mais conveniente foi "varrer" Luxemburgo e Liechtenstein, para que ninguém comece a pensar se a escolha de Martinez foi ou não a mais correta.
Acontece que esta convocatória tem algo de especial. Será a primeira em que, de forma assumida, se percebe que existe um novo rei: Bernardo I. Porque é um desequilibrador nato, e consegue fazê-lo num cenário de máxima exigência - City. É certo que não deixará o legado do seu antecessor, mas os bons reinados também podem ser curtos. Sobretudo quando Bernardo I parece menos propenso a capitalizar em si todos os holofotes. Com novo rei, os cenários Islândia e Bósnia apresentam condimento especial: como pensa Martinez quando tem de dominar num cenário de alguma cautela defensiva?
9 Otávio: novo camisola 2
Mais do que as necessárias vendas ou do que os necessários ajustes para tornar o FC Porto mais competitivo, há valores que devem ser preservados. Desde logo a presença de Otávio como elemento de desequilíbrio (voltou a aparecer frente ao Braga) e, também, como fiel intérprete da mística do Dragão. Um invisível camisola "2", seguindo as pisadas de Jorge Costa ou de João Pinto. Da faixa para o meio, sempre em alta rotação, impediu o miolo arsenalista de construir e alimentar a sua linha ofensiva. Tal como na meia-final, nos lances dos golos voltou a aparecer e a criar o espaço necessário para tudo se desenrolar. Indiscutível para 2023/2024.
8 Matheus Magalhães: o resistente
O semblante carregado de António Salvador no final da Taça diz tudo: o Braga precisa de títulos e, para isso, precisa de ficar furioso quando está a perder. É verdade que é mais provável o FC Porto vencer a Taça do que o Braga, mas qualquer jogador dos arsenalistas deve ficar positivamente "alterado" quando lê semelhante frase. No entanto, há jogadores que resistem agora e sempre ao invasor. Determinante na fase inicial da partida com um conjunto de intervenções que impediram vantagem precoce do adversário, o guarda-redes Matheus voltou a mostrar desempenho assinalável e a sublinhar a regularidade como um dos seus pontos fortes. Excelente.
3 João Mário: a outra leitura
Quando estás no auge da tua carreira e jogas apenas um minuto frente ao Liechtenstein ou, então, quando tens 56 internacionalizações no bolso e, por apenas uma dupla jornada que não correspondeu às expectativas, deitas tudo a perder e abandonas. Por falta de confiança ou não, o que é discutível na decisão de João Mário é o facto de não ter dado o benefício da dúvida ao selecionador que, em face do seu estilo de jogo, poderia estar a tomá-lo como imprescindível para partidas de maior exigência. Nestas contas quem fica mesmo a perder é a Seleção, não só pela indiscutível valia do jogador mas sobretudo pelo seu capital de experiência, isto numa altura de alguma renovação de quadros.
Otamendi renova
Manter a estrutura, mesmo naquele setor do terreno em que estamos mais protegidos. Depois da saída de Grimaldo, o Benfica pareceu jogar em dois tabuleiros: em primeiro lugar reforçar a confiança num elemento indiscutível; depois, capitalizar o impacto do argentino no balneário. Situação que vale muitos pontos.