PLANETA DO EUROPEU - A análise de Luís Freitas Lobo.
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1 - É apenas um jogador mas ele, só por si, traduz outra intenção. Chiesa transporta consigo um estilo e traço de imprevisibilidade que muda o ataque italiano.
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No lugar, flanco direito, onde Berardi segurava e flanqueava como organizador, surgia agora um avançado de rasgo, mudança de velocidade e remate. Esta simples alteração, mantendo o 4x3x3, mostrava como Mancini, após o jogo jogado até agora, sentia como podia já dar passos ofensivos em frente dentro da dinâmica do seu sistema. E deu.
2 - Do outro lado, uma equipa que, como qualquer ser vivo, cresceu a aprender o que é a vida. Esta Bélgica já não é romântica como antigamente. Em vez de mandar flores ao jogo, prefere manter cuidados tácticos de relacionamentos com o jogo. Já o fizera contra Portugal, repetiu esse estado de alma e posicionamento contra a Itália.
Não vou chegar ao ponto de dizer que se tornou pragmática. Não é isso, mas incorporou uma componente de tacticismo defensivo que, em rigor, mudou-lhe a forma de se expressar. Não sei se o que levou Martínez a, em vez de querer viver, passar a querer... sobreviver nos jogos contra adversários ditos fortes foi ter perdido antes (admito que romanticamente em muitos momentos) jogos em que jogou esteticamente melhor. Mas, seja como for, o futebol belga não ganhou com isso. Sem Hazard e com De Bruyne em campo corroído pela lesão, isso tornou-se mais evidente.
3 - A capacidade de pressionar alto desta Itália mudou mais do que na forma. Também mudou nas intenções. Antes pressionava para não deixar o adversário jogar (e recuava no seu defensivismo). Agora pressiona para ter a bola e jogar/atacar. E tem jogadores que incorporam essa nova ideia.
Insigne não é um mero extremo ou, no futebol moderno, um avançado de faixa. O que mais me impressiona no seu jogo é como reage após uma jogada que acabou mal ou não saiu como ele queria. Vê-se logo nos grandes planos como fica à espera, ansioso, pela jogada seguinte (o que, na prática, significa a bola ir ter com ele) e então investe com maior intenção. O golo em arco poético que marcou à Bélgica mostrou essa forma agir (e reagir) no jogo.
4 - Outro jogador que, sem ser craque, adoro ver jogar nesta Itália é o lateral-esquerdo... destro Spinazzola. Tem potencia atlética tecnicista a atacar, acaba as jogadas com decisão e a defender endurece o seu jogo sem perder compostura.
Custou vê-lo sair, por lesão, na parte final do jogo. Este Euro está a provar como (apesar do que imaginam) os jogadores são humanos e esta quantidade de jogos numa época desafia todos os limites físicos. E, como é natural, os limites ganham (quase) sempre.
TÁCTICA
- A inegociável ideia de jogo da Espanha, sempre pensada com bola
- O poder de iniciativa ofensiva, com técnica agressiva, da renovada Itália
TÉCNICA
- Nunca nenhum sistema táctico estará completo sem um... guarda-redes. Como Sommer!
- A perda de romantismo da Bélgica demasiado na expectativa como estratégia