A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
Corpo do artigo
1 Concluído o jogo com o Lusitânia, deu-me vontade de questionar os responsáveis pelo calendário futebolístico nacional: depois de duas semanas de paragem para as seleções e antes de uma importante jornada europeia, esta eliminatória da Taça, disputada com formações de escalões inferiores, é a melhor forma de as nossas equipas se apresentarem com o ritmo competitivo adequado nos compromissos europeus?
2 O segundo programa de transmissão dos diálogos entre VAR e árbitro permitiu confirmar que David Carmo deveria ter sido expulso no lance em que travou Rafa no clássico e que o penálti cometido por Pepe na Amadora foi mal revertido. No mais, faltou analisar vários lances decisivos para os resultados finais dos jogos - e esses são os que mais importaria escalpelizar. Mas ficámos (ao menos) a saber, e logo pela voz autorizada de um vice-presidente do CA, que uma equipa com um jogador expulso pode bem endurecer as entradas porque “um segundo cartão vermelho tem que ser uma coisa evidentíssima”. E o primeiro, não?
3 Suscitou acesa polémica o valor dos vencimentos, e especialmente dos prémios, auferidos pelos administradores da FC Porto SAD em (mais um) exercício deficitário. É assunto que não me diz respeito. Mas já me interessa, e interessa muito, que uma SAD registe avultados capitais próprios negativos, isto é, que acumule dívidas difíceis, ou mesmo impossíveis de pagar, enquanto outras cumprem com as suas obrigações - uma situação de inegável concorrência desleal, que, se passa ao lado de uma Liga subserviente, jamais pode ser ignorada por um governo que decide legislar sobre direitos televisivos.
4 oucas horas passadas sobre a inauguração do Municipal de Braga, partilhando a mesa de uma marisqueira de Matosinhos com um dianteiro da nossa Seleção, perguntei-lhe o que achara do estádio: “É horroroso jogar virado para uma parede de pedra”, respondeu. Voltei à “Pedreira” várias vezes, algumas em indesejáveis, porque são ali particularmente duras, noites de intempérie, e reforcei a minha convicção: Souto Moura projetou um prémio de arquitetura, não um estádio de futebol. Concluíram - agora, 20 anos passados - que o municipal bracarense é um exemplo de esbanjamento de dinheiros públicos (derrapou até aos 200 milhões), que a câmara patrocina dissimuladamente o clube (500 euros mensais pela utilização da infraestrutura) e que é imperioso tratar da sua venda. Veremos quem o vai comprar e por que valor.
5 Terça-feira joga-se o futuro do Benfica na Champions. Tudo o que não seja ganhar, remete-nos, na melhor das hipóteses, para a luta pelo 3.º lugar no grupo. Espero - e desespero - por ver o Benfica europeu da época passada, já que, a não ser assim, dificilmente ultrapassaremos uma equipa do nível da Real Sociedad.