PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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Fomos a melhor equipa do grupo", disse Carlos Carvalhal, visivelmente entristecido na ressaca do empate com sabor a derrota da passada quinta-feira, frente ao Estrela Vermelha.
Este resultado, para além de significar que foi falhada a primeira tentativa de conseguirmos atingir, desde já, o primeiro grande objetivo da época (atingir os oitavos de final da Liga Europa), atenua, de certa forma, o sabor que os adeptos vinham a provar de que este Braga está cada vez mais forte e mais competitivo.
É certo que jogámos melhor do que os sérvios, mas não conseguimos o que queríamos e isso é que fica na cabeça. É certo, também, que tivemos muito azar com o árbitro italiano, que deixou os sérvios distribuir "lenha" a seu bel prazer, que permitiu vários empurrões nas costas a Galeno, quando este aumentava a velocidade, sem marcar qualquer falta, que considerou que o ostensivo "agarrão" e derrube a Vitinha, dentro da área, foi casual, mas que se apressou a marcar uma penalidade numa jogada totalmente casual, daquelas que acontecem tantas e tantas vezes em cada jogo e que só um em cada mil árbitros é que se lembraria de penalizar: calhou-nos esse. Azar o nosso. Mas seguimos ainda na viagem da Liga Europa, à espera de parar no próximo apeadeiro e enfrentar quem nos calhar pela frente.
O difícil mês de dezembro continua e, hoje mesmo, mais um jogo dos duros, daqueles que mexem verdadeiramente com o coração dos adeptos. Ir jogar à casa do Porto já não é, como era há uns anos, a certeza de uma derrota e a ambição de um empatezinho. Hoje jogaremos só para ganhar e, se não ganharmos, os adeptos sentirão forte a frustração da derrota. Carlos Carvalhal tem tido, ao longo da época, as dificuldades acrescidas das sucessivas lesões, e hoje, com a lesão de Galeno, tais dificuldades crescem ainda mais. Desde que saiu Fransérgio para o Bordéus, e pelas minhas contas, Carvalhal já experimentou oito combinações distintas para o miolo do meio-campo, o que diz bem da dificuldade que refiro. A última destas combinações (Al-Musrati e André Horta) deu boas indicações, apesar do líbio ter estado um pouco aquém do que é habitual. Nas combinações todas, a dupla Al-Musrati/Castro é a que tem sido mais habitual e mais consistente, mas a lesão do último impede a sua utilização para hoje. Lucas Mineiro ou André Horta serão os candidatos mais evidentes a fazer par com Al-Musrati, mas não poderemos descartar Chiquinho, jogador experiente e habituado a pisar palcos mais exigentes. Como sempre acontece neste tipo de jogos, só poderemos ambicionar à vitória se estivermos todos ao nosso melhor nível, com total concentração e entrega e, do lado do Porto, algo falhar, individual ou coletivamente. E esperar que o campo se mantenha totalmente plano, sem as inclinações que um qualquer árbitro italiano possa provocar.