Usar jogadores da equipa B na equipa principal é precisamente aquilo que se pretende. Regras mal feitas não podem fazer esquecer isso.
Independentemente das interpretações que se possam fazer dos regulamentos, a decisão do Conselho de Justiça de confirmar a continuidade do FC Porto na Taça da Liga é de aplaudir. As regras podem ter sido mal pensadas ou redigidas, mas o seu espírito é claro: permitir que as equipas B sejam um espaço de crescimento dos jovens, de forma a que eles possam ser chamados à equipa principal, e ao mesmo tempo evitar que os clubes reforcem as suas equipas B com craques do plantel principal em determinados jogos, de forma a não adulterar a verdade desportiva - algo que claramente não era o caso.
Fabiano, Sebá e Abdoulaye devem ter agradecido a oportunidade de jogar pela equipa principal dos dragões - e gosto de acreditar que os jogadores ainda são a parte mais importante do futebol. Punir o FC Porto e estes três jogadores seria colocar a equipa B à frente da equipa principal. Seria dizer aos clubes que escolheram ter formação secundária - e que pagam para isso - que aquilo é um plantel que apenas serve para jogar a II Liga, onde não podem sequer lutar pela subida. Seria dizer a todos: não se metam nisso.
Por uma vez, quem manda no futebol português teve bom senso e não se cingiu a uma interpretação estanque de uns regulamentos que, ainda por cima, não enquadram o que se pretendia quando foram criados - o chamado espírito da lei. Que ao menos este caso sirva para perceber que os regulamentos, como quase sempre, não previram todas as situações. É altura de os reescrever. Mas desta vez bem.
