PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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Majestoso, epopeico, admirável, heroico, monumental... São adjetivos que nos surgem quando "googlamos" sinónimos de "magnífico".
E, um dia, quando a história estiver a ser escrita, serão palavras que também irão surgir nos motores de busca quando pesquisarmos "Panathinaikos-Braga 2023."
O jogo foi tudo isso, para o adepto bracarense. Os jogadores interpretaram as necessidades do jogo, cada um com a sua missão bélica bem interiorizada, e entregaram-se à luta, numa espécie de conquista de terreno, centímetro a centímetro. E, no final da dura batalha ( que, na verdade, foram duas, se contarmos com o jogo em Braga), o Braga ficou na elite do futebol: um grupo de 32 clubes, que são os melhores da Europa. Desengane-se quem, porventura, pensar que isto é um fogacho. Não. É fruto de um trabalho de vários anos, com uma estratégia bem delineada e que, com altos e baixos desportivos, tem elevado o patamar de excelência de um clube que, representando uma região, já começa a representar o próprio país.
É, hoje em dia, bem conhecido por toda a Europa do futebol (e pelo mundo) e já poucos estranham a sua presença junto desta elite de equipas que partilhará, esta época, o palco da melhor competição de clubes do mundo. A seguir à batalha, o sorteio. Fiquei feliz com os clubes que nos calharam, principalmente com o Real Madrid, pois visitar o Santiago Bernabéu para um jogo da Champions é o sonho de qualquer adepto de futebol. Imaginei-me, logo, a marcar um cafezinho com Javier Marias, escritor madrileno e fervoroso adepto merengue, recentemente falecido, cujas crónicas no jornal Marca se tornaram míticas e que li e reli, com um prazer sempre crescente ( para o leitor interessado em verificar como se pode fazer boa literatura em crónicas desportivas, pode ler o livro "Selvagens e Sentimentais - Histórias de Futebol", da D. Quixote).
Foi, assim, uma semana de emoções muito fortes. E é na ressaca de todas estas emoções que jogaremos, hoje, contra uma equipa fortíssima, para mim, o candidato mais forte nesta época de 2023/24. Por isso, a mesma atitude e entrega que tivemos na Grécia são requisitos obrigatórios para, no final do dia, podermos ir para a cama com a adrenalina (hormona do stress) carregada (dificuldade em adormecer), mas com o cérebro encharcado de dopamina (hormona do prazer).