Foi a dança nos blocos que valeu a prata dos 100 metros a Obikwelu - A maioria dos portugueses perde quando entra no estádio e a sua espinha dorsal treme
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Sempre achei que um dos segredos para a medalha de prata de Francis Obikwelu nos 100 metros dos Jogos de Atenas, arrancada entre dois norte-americanos daqueles que metiam medo, foi a dança que ele fez antes de se ajoelhar nos blocos de partida. Já vi provas de atletismo ou combates de judo suficientes para ter a certeza de que a forma como se entra tem peso decisivo no resultado.
Há combates de judo que se perdem quando se sente a força da primeira pega do adversário; corridas que se comprometem quando se baixam os olhos perante quem está na pista do lado; Jogos Olímpicos que vão à vida mal se entra no estádio e a espinha dorsal treme ao som do "bruá" daqueles 80 000 adeptos, mais entusiastas do que os de qualquer FC Porto-Benfica, por inacreditável que isto possa parecer.
Se eu já estive lá e sei, os dirigentes nacionais estão lá de quatro em quatro anos e em todos eles se deparam com atletas que já perderam ainda antes de competir. Este ano, percebi que o chefe de missão, Mário Santos, tentou mudar qualquer coisa. Nitidamente, não o conseguiu. E, no mínimo, poderiam ter ensinado os portugueses a dançar.