FORA DA CAIXA - Opinião de Joel Neto
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A prova está naquelas palavras de Fernando Santos. Ou a pista, digamos. E não tanto nas palavras como na sua formulação. A ver se eu consigo explicar-me.
Diz o seleccionador nacional: "Não tenho medo nenhum da Alemanha. Mas, daí a acharmos que Portugal é favorito, a jogar na Alemanha contra a Alemanha, é abusivo. E, se o fizéssemos, estaríamos muito perto de nem sequer empatar o jogo."
E não, eu não acredito que Fernando Santos vá jogar apenas para o empate. Mas o facto é que, tal como essa formulação já vai sugerindo (e bem), o empate, num jogo como o de hoje, seria sempre um bom resultado para Portugal, equipa que só bate os germânicos nos anos em que frutificam as amoras mágicas.
E, já agora, seria um resultado bastante razoável para Alemanha também. E para a França, evidentemente. E até para a Hungria, de alguma forma.
Quer dizer, se Alemanha e Portugal empatarem, a França - ganhando à Hungria, como é sua obrigação - poderia ficar a apenas um empate contra Portugal de garantir o primeiro lugar no grupo. Já a Hungria, que com certeza nunca teve grandes expectativas de passar, ainda não seria irremediavelmente última classificada.
Para Portugal, os benefícios seriam óbvios: dificilmente quatro pontos serão insuficientes para seguir em prova (ademais depois do 3-0 da abertura, com significado na diferença de golos), pelo que o jogo com a França, uma velha besta negra cheia de desejos de vingança, deixaria de ser de vida ou de morte. E, ao mesmo tempo, a Alemanha, com um só golo negativo, ficaria com o encontro com a Hungria para resolver o assunto dependendo praticamente só de si.
Portanto, que alguém vá jogar abertamente para o empate, não acredito. Mas que, com o decorrer da partida, esse conforto mínimo possa apoderar-se da cabeça dos jogadores - ou, sobretudo, dos treinadores -, não deverá surpreender-nos. Eu assinava já esse contrato.
