Só um reparo à entrevista de Rui Costa à BTV: como acreditar na boa-fé das auditorias externas aos últimos anos da SAD se ele nem sequer arrisca ser entrevistado por jornalistas independentes?
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Dois dos últimos quatro presidentes do Benfica, abarcando mais de duas décadas, foram Luís Filipe Vieira e Vale e Azevedo.
Rui Costa pode ser, na parte que lhe coube do regime de Vieira, um mistério, mas a quase totalidade dos habituais candidatos à presidência são absolutos tiros no escuro ou pior.
Qualquer sócio votante dos grandes clubes deve ter isso em mente, sobretudo se for espetador do Big Brother Famosos: aqueles lugares tendem a atrair oportunistas e pessoas, digamos, especiais. A anterior administração da SAD fez muitas coisas más, que será imprescindível erradicar do Benfica e dos outros clubes todos, e também, forçosamente, bastantes coisas boas que lhe permitiram melhorar a formação, as infraestruturas, o negócio, etc. Se é razoável supor que Vieira não fez as más sozinho, mais razoável ainda será assumir que também precisou de companhia para fazer as boas. Quando se exige a Rui Costa que deite fora essas mais-valias humanas em nome da desinfeção do vieirismo, é isso que está em causa: obliterar uma administração que, em algumas áreas, foi a melhor do futebol português na última década e meia.
Pior do que isso: se Rui Costa tem alguma vantagem óbvia sobre as alternativas é, justamente, o facto de estar numa posição única para avaliar que partes dessa administração devem ser salvas e que partes devem ser eliminadas. Na primeira entrevista do presidente acossado só aponto uma falha: como acreditar na boa-fé das auditorias externas aos últimos anos da SAD se Rui Costa nem sequer arrisca ser entrevistado por um órgão de comunicação independente?