A crónica de Paulo Faria sobre o Europeu de andebol
É fácil escrever quando temos sucesso e todos têm um rendimento dentro ou acima do esperado, como na vitória inesquecível sobre a Suécia; é difícil escrever quando se dá exatamente o contrário. A pior coisa que pode acontecer a uma equipa é ter medo do sucesso, ou que esse mesmo medo seja superior à alegria de usufruir de um dos momentos mais bonitos e importantes da história e da carreira.
Portugal jogou mal, fez eventualmente o pior jogo do Europeu. Com algumas exceções, o apagão foi quase geral. Na defesa 6:0, tivemos muito menos profundidade dos segundos defensores, o que permitiu aos laterais adversários iniciarem o ataque dentro da zona dos nove metros. Os dois defesas centrais não impuseram a agressividade habitual, perderam nas trocas e muitas vezes no 1x1. A defesa foi inexplicavelmente permeável e os eslovenos agradeceram. No ataque, além do fraco rendimento individual, pareceu-me ver uma equipa lenta, confusa, com os jogadores presos aos seus postos específicos e a iniciarem sempre as ações com bola.
Porque é que, numa fase final de um Europeu, a quase totalidade da equipa se apaga? Porque vimos os jogadores sem a mesma alegria do início do Europeu? Os psicólogos saberão explicar isto melhor do que eu, mas acontece aos melhores. Aconteceu à Dinamarca, por exemplo.
O Paulo Jorge tem pouco tempo para refletir sobre este jogo, pois já tem outro muito importante. Por isso, fundamental é jogadores, treinadores e dirigentes saberem que, em Portugal, estamos todos com eles. Frente à Hungria, a Seleção tem de entrar em campo orgulhosa, alegre, motivada e fazer deste jogo o mais importante das suas vidas. VAMOS, PORTUGAL!
O melhor Portugal com Alfredo Quintana
É muito difícil descrever o impressionante rendimento de Alfredo Quintana neste Europeu. A sua presença na baliza é uma garantia para qualquer treinador, para qualquer equipa. Se Quintana tivesse descido ao nível da sua equipa, Portugal teria sofrido uma derrota pesada. O guarda-redes merecia que a equipa estivesse com ele. Se muitas vezes dizemos que um guarda-redes é meia equipa, desta vez ele foi bastante mais do que meia e, mesmo assim, saiu frustrado. Acredito que está neste momento entre os cinco melhores guarda-redes do mundo e o FC Porto irá certamente receber imensas propostas para a sua aquisição.
O pior Portugal sem Quintana
Analisando o resto da equipa, tivemos André Gomes e Luís Frade com uma atuação positiva. André Gomes voltou depois de dois jogos lesionado, começou e terminou a partida com muito boa prestação, enquanto Luís Frade, apesar de defensivamente oscilar o seu rendimento e a sua profundidade defensiva, foi o outro dos únicos jogadores de campo que disfarçaram o apagão coletivo.
