VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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1Independentemente da justiça ou acerto da decisão, o treinador tem que comandar um grupo de trabalho que não acolhe hesitações ou uma liderança que vá para além dos limites que comunicou ao grupo.
Sérgio Conceição tomou a decisão de relegar David Carmo para a equipa B e explicou-a com a falta de rendimento e indisciplina. Se a primeira sempre foi evidente e coincidente com meses sem que o jogador se visse em qualquer aparição principal, pública e notória, já a indisciplina é algo que diz respeito ao respeito, à autoridade e hierarquia que se cria, reproduz e transmite dentro de um grupo de trabalho. Resolve-se dentro de casa.
2 Acresce que um treinador pode ter culpas no cartório pelo rendimento de um jogador mas, relativamente a questões disciplinares também não pode assobiar para o lado. É que claro quem confunde subordinação com submissão não compreende que alguém se subordine a ordens de liderança. O que não pode pedir, então, é que haja um líder como Sérgio Conceição. O treinador faz o que tem a fazer para protecção de um grupo e todas as justificações devem ser do foro interno e não pelo valor do contrato. Ainda assim, é mais fácil “encostar” um jogador que custa demasiado do que um jogador que joga muito. Confere, cai o Carmo.
3 Pai, Filho e Espírito Santo. A santíssima Trindade perdeu vigência desde que Nuno rumou ao Wolverhampton mas o espírito continua a perdurar pelo desejo de que todas as forças se unam para o bem comum. No momento actual, há um Sérgio e um Francisco, pai e filho, que repartem as atenções e representam a realidade de um FC Porto encostado ao nome de família. Talvez por se chamar Conceição, Francisco tem tido menos oportunidades do que o seu rendimento já justificou e ontem foi uma prova evidente de que agita, personifica e tem uma capacidade única no plantel para resolver em velocidade, drible e progressão no último terço do terreno. O que Galeno resolve na profundidade, Francisco pode resolver em espaço curto. Talvez seja a altura de os cimentar na equipa em simultâneo enquanto Iván Jaime não se afirma titular. Amen.
4 Não seria de esperar exuberância frente ao Leixões, um daqueles jogos onde o FC Porto já nada coloca em campo senão a honra da camisola. O que é muito. São momentos difíceis, os jogos para cumprir calendário, pedaços de desconforto para uma equipa que não quer perder nem a feijões, mas que já se colocou de fora. Terá sido essa a força que fez o FC Porto sair da Taça da Liga a ganhar, com os adeptos já a pensar no jogo com o Chaves para virar o ano na expectativa de melhor futebol.