As últimas jornadas do campeonato provaram que nenhum grande é imune a deslizes. E essa é uma boa notícia para a competitividade da corrida ao título
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Há quem olhe para a corrida ao título e veja o copo meio vazio, desde logo a nível da qualidade do futebol jogado pelos três crónicos candidatos ao troféu de campeão. Poucos olharão para o mesmo cenário e verão o copo meio cheio, considerando por exemplo que, há passagem da 14.ª jornada da última época, o Sporting tinha menos dois pontos, o FC Porto menos três e o Benfica mais um, embora o jogo em atraso com o Nacional possa corrigir as contas e deixar as águias com mais dois pontos em relação ao período homólogo. Sim, a estatística é a arte de torturar os números até eles confessarem o que quisermos ouvir, mas não deixará de ter algum peso esta melhoria generalizada do rendimento, pelo menos pontual.
De resto, também não deixa de ser curioso que, por um lado, se lamente a falta de competitividade do campeonato e o fosso que existe entre os três grandes e o resto dos clubes, e depois se estranhe quando Sporting, FC Porto e Benfica não ganham por esmagamento, como se a corrida ao título fosse um passeio decidido apenas nos confrontos diretos entre “iguais”. Nunca é. A qualidade do futebol apresentado agora mesmo pelos três grandes não lhes permite esmagar a concorrência ou descansar os adeptos, mas quem quiser olhar para o copo meio cheio, pode sempre encontrar conforto na ideia de que o equilíbrio que se regista agora no pódio e a redução da margem de erro a zero, além de ser sinónimo de emoção e incerteza, há de ser o combustível para o crescimento das três equipas. Não há nada como sentir o bafo de um rival no pescoço para tratar de dar às pernas.