VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Hoje que o Mundial do Catar termina com França ou Argentina a erguer o troféu, chegamos ao fim da fila indiana de seleções em sucessão de despedidas, selecionadores que deixam de o ser ao terceiro ou quarto jogo, governantes que se soubessem o que sabem hoje não teriam pisado o emirado agora envolvido no CatarGate, teia que espantou, demagogicamente, Estrasburgo e Bruxelas. Foi por pouco.
Nunca, como este ano, a Taça da Liga fez tanto sentido e foi tão irrelevante
Uns dias mais e nem Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa poderiam ver jogos de futebol no Catar sem receio de maior reprovação institucional, pública e popular. Agora os direitos humanos que se lixem, esqueçamos isso.
Com o fim do Mundial, regressam as competições nacionais que, afinal, nunca estiveram ausentes. O campeonato, sempre a jogar-se na cabeça dos adeptos por memória e antecipação, jamais abrandou no ímpeto. A Taça da Liga, jogada em campo de forma semianónima enquanto o Mundial decorria, cumpriu a função de rodar plantéis em fases de paragem competitiva. Pena que não aconteçam sempre grandes competições para dar semelhante razão de ser e utilidade à Taça da Liga.
Nunca, como este ano, a Taça da Liga fez tanto sentido e foi tão irrelevante. A fechar o grupo com chave de Poker, o FC Porto goleou o Vizela e ascende aos quartos de final da Taça da Liga com o Gil, a meio de uma semana que se fará em antecâmara do reinício da Liga. Cerca de um mês e meio depois, o ano de 22 ainda vai a tempo de mostrar um aperitivo daquilo que portistas desejam e benfiquistas abominam: que, após o Mundial, possamos agora ir para algo completamente diferente, como se os Monty Python regressassem pós-Natal para um exercício de "non-sense", a abanar oito pontos de diferença na tabela.
Para isso, o FC Porto terá que vencer o Arouca no Dragão e o Benfica terá que escorregar em Braga. Começam a ser poucas as jornadas que permitam aproximar o campeão em título do primeiro lugar. Se não há reforços de Inverno, que se iluminem aqueles que a rodagem na vitrina da Taça da Liga permitiu exibir.
Grujic cresceu em campo. Dos titulares nos três jogos da fase de grupos, Cláudio Ramos voltará ao banco, Toni Martinez deverá regressar ao estatuto de suplente utilizado, Uribe e Pepê de pedra e cal no onze. Wendell, o outro totalista, parece estar a ganhar preponderância e acerto na esquerda, encarregue de assumir a definição de um livre indireto de estudo laboratorial que deu golo. Perante as ausências, agora é quase Wendell e mais 10. Estranha condição para um jogador que pode ter aqui a sua grande oportunidade.