Os adeptos mais fervorosos dirão que não se festejam empréstimos obrigacionistas nos Aliados, mas a saúde financeira de qualquer clube encurta o caminho para os títulos
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A 21 de abril, a seis dias das eleições que o confirmaram como 32.º presidente do FC Porto, André Villas-Boas garantia, em entrevista a O JOGO e à TSF, já ter iniciado conversações com a banca internacional para a reestruturação da dívida do clube. Na altura, o ainda candidato, assegurava ter indicações que seria possível fazê-lo com taxas de juro entre os 5% e os 6%, valores consideravelmente abaixo daqueles que o clube pagava. Tão abaixo, de facto, que João Rafael Koehler, candidato a vice-presidente para a área financeira na lista de Pinto da Costa, chegou a desafiar Villas-Boas a mostrar o “contrato milagroso” e a ajudar o clube a resolver os problemas financeiros que enfrentava.
Pois bem, ontem, cerca de sete meses após ter tomado posse, o presidente do FC Porto apresentou a operação Dragon Notes, o tal “contrato milagroso”, com o FC Porto a conseguir junto de investidores internacionais 115 M€ a uma taxa anual de 5,62% que serão usados para reembolsar vários financiamentos que transitaram da administração anterior e cujas taxas de juro oscilavam entre os 7% e os 12%, para abater o passivo, pagar a clubes e fornecedores e proceder a investimentos. Ora, como obviamente André Villas-Boas não faz milagres, como nem sequer foram dados como garantia a hipoteca do Estádio do Dragão ou passes de jogadores, fica no ar a dúvida sobre o que impediu a anterior administração de se financiar a taxas semelhantes, levando-a a pagar muito acima dos valores médios do mercado. Mas adiante. Claro que os adeptos não festejam refinanciamentos de dívidas nos Aliados, mas bastará olharem o exemplo dos rivais para perceberem que a saúde financeira é essencial para voltarem lá o mais depressa possível.