JOGO FINAL - Em Espanha, o "Football Leaks" serviu de base a mais uma megaoperação de combate à fraude fiscal. Em Portugal, a prioridade é outra
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Não deixa de ser irónico que, no mesmo dia que em Espanha é anunciada mais uma megaoperação do fisco e da polícia com base nos documentos expostos pelo "Football Leaks", em Portugal o Ministério Público tenha pedido à justiça húngara que estenda o mandado de detenção europeu de Rui Pinto.
Em Portugal parece haver uma diferença substancial entre os recursos envolvidos
Que a Doyen Sports seja o alvo da mais recente investida da justiça espanhola contra a fraude fiscal e, simultaneamente, uma das principais vítimas dos alegados crimes cometidos por Rui Pinto só acrescenta à ironia da coisa.
Convém esclarecer desde já que não partilho da convicção de que o hacker seja mais vítima do que réu. Rui Pinto deve ser investigado e, se for caso disso, julgado pelos crimes que terá cometido, devendo o Ministério Público envolver na investigação os recursos que entender adequados.
A questão, parece-me evidente, é que a mesma regra deve ser aplicada aos alegados criminosos denunciados, por exemplo, pela plataforma "Football Leaks", da qual o hacker se confessou colaborador.
Em Espanha, como é bom de ver, esta evidência não escapa às autoridades, que, depois de várias iniciativas semelhantes com resultados que todos conhecemos, tentam agora recuperar mais de cinco milhões de euros que terão iludido o fisco.
Em Portugal, por outro lado, parece - e sublinho o "parece" - haver uma diferença substancial entre os recursos envolvidos pelas autoridades na investigação dos alegados crimes de Rui Pinto e aqueles que são mobilizados para investigar os alegados criminosos que ele terá ajudado a denunciar.
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