PLANETA DO FUTEBOL - A análise de Luís Freitas Lobo.
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1 - O início do jogo tinha como moldura sonora os gritos de Jesus a ordenar para a equipa "criar linhas de passe". O importante era "mexam-se no meio-campo". O banco do Benfica estava, na primeira parte, alinhado pelo campo defensivo e, por força disso, esses gritos (ordens) de Jesus tinham a ver essencialmente com a saída desde trás para o ataque.
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A intensidade é uma palavra aplicada a uma infinidade de conceitos (todos eles relacionados) mas quase sempre redutores do que verdadeiramente significa. Se tivesse que definir intensidade numa ação de jogo falava, sem hesitar, em saber estar... em cima da bola. Quando na sua posse, ser agressivo, ofensivamente, com ela. Quando sem ela, encurtar ao máximo os espaços de quem a tem para a roubar já com o subconsciente de atacar com ela. Pizzi foi um dos jogadores que, individualmente com transfer coletivo, melhor explicou esse conceito nos nossos relvados nas últimas épocas. É natural que os últimos tempos, o desgaste, o passar dos anos, lhe reduzam a capacidade de aplicação dessa... intensidade. A memória dessa forma estar no jogo nunca sai, porém, de dentro dele. Quando a pode aplicar, isso nota-se e marca o jogo. Contra o Tondela, perante marcações tão "light", foi possível e, assim, esse Pizzi n.º 8 marcou desde o início o jogo e foi decisivo para o 4x4x2 encarnado com dois médios entrar forte e resolver o resultado em vinte minutos.
A intensidade e/ou a pressão. Dois jogos, Benfica e FC Porto, ora fáceis ou difíceis, em função desses radares de jogo estarem ou não ativos
2 - A pressão também é um conceito muito divulgado mas tantas vezes numa visão limitante do seu uso, porque a intenção com ela é potenciar o nosso jogo e não meramente, como parece de início, condicionar o do adversário. O melhor FC Porto de Conceição viveu muito deste conceito (sua dupla aplicação) para atacar forte roubando antes a bola rapidamente. Esta época teve dificuldades nesse aspeto (o que levou a problemas defensivos) que fizeram a equipa perder demasiados pontos.
Acaba a época claramente melhor. Os seus melhores períodos contra o Famalicão foram assim. A pressionar (alto). Quando a intensidade baixou, o Famalicão, com jogadores tecnicamente dotados, cresceu e marcou (sem, porém, nunca fazer muito barulho). O reativar dos radares da intensidade de pressão na segunda parte voltou a meter o melhor FC Porto no jogo e as diferenças (com golos) ficaram claras.
No núcleo da pressão, Grujic juntou-se bem a Uribe, no centro do meio-campo. Os movimentos de compensação facilitam, desde logo, o equilíbrio da equipa (e, nesse aspeto, todo o coletivo participa, a começar nos avançados e nos recuos de Taremi para recuperar). Uma boa equipa tem de ser feliz tanto com bola como... sem ela. Porque sabe que, em breve, a vai ter outra vez.