APITADELAS - A crónica semanal de Jorge Coroado
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Que dizer?
A estupefação manifestada por Sérgio Conceição justifica-se
O segundo golo sofrido pelo FC Porto em Leverkusen deixou muita gente incrédula pelo desusado da situação. Marchesín, no momento da execução, não tinha um dos pés ou parte sobre a linha de baliza. Assim, a iteração do pontapé de penálti, porque prevista na Lei XIV, justificou-se. Inusitado foi o árbitro decidir só após acolher o VAR, depois de deixar prosseguir o jogo e Marega ter sofrido carga irregular de Tapsoba.
A rigidez da repetição só surpreende pela falta de rigor dos árbitros nacionais naquele particular (não é opinião de momento, já abordei o tema N vezes). Sobre a participação do VAR, é compreensível o assombro. No protocolo regulador da utilização da ferramenta, publicado junto com o Guia Universal e, também, no sítio da FPF, não se vislumbra qualquer referência à possibilidade de controlo da posição dos guarda-redes na execução dos penáltis.
Apesar de não constar do "ricto", aquela "recomendação" surgiu no campeonato do mundo feminino ocorrido em França, em 2019. A estupefação manifestada por Sérgio Conceição justifica-se. Na Liga NOS, em 199 jogos, foram assinalados 56 pontapés de penálti. Quem assiste às transmissões, sabe não ter havido um único, dos 11 que os guarda-redes pararam, que tenha sido mandado repetir. Será que não se mexeram? Porque não interveio o VAR? Desconhecimento, indiferença, laxismo dos árbitros portugueses? Que dizer?
Tretas III
No dia imediato ao inqualificável comportamento de uns quantos em Guimarães, o corporativista, tretas do costume, apressou-se, sem eco, a divulgar que o árbitro havia avisado delegados da Liga e VSC que interromperia o jogo se as manifestações de índole racista não cessassem, não o tendo feito porque Marega abandonara o terreno. Ridículo. Nem o árbitro escreveu tal no relatório.
Viver não custa
Todos aqueles que da arbitragem fizeram profissão de fé estão obrigados a uma espécie de código de responsabilidades e ações corretas, o que, embora, ofereça proteção, também faz com que se seja presa fácil de quem não tem escrúpulos e, na vida, segue a máxima "Viver não custa, custa é saber viver", sabendo que, tal como S. Jerónimo escreveu: "A cavalo dado não se olha o dente."