O Benfica não explodiu ontem, nem tinha rebentado no dérbi: é uma equipa perigosa e continuará a sê-lo, com ou sem Jesus. Enquanto isso, no FC Porto, a qualidade goleia a fita métrica.
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Para o mal e para o bem, o Benfica de ontem é o mesmo que perdeu com o Sporting. As terríveis armas que desmembraram o Marítimo já existiam no dérbi e teriam sido fatais se Rúben Amorim não fosse sábio o suficiente para as conter.
Melhor: a mais forte dessas armas já era a principal preocupação dos adversários muito antes do regresso de Jorge Jesus e continuará a sê-lo depois dele: Rafa. Todos os conceitos táticos se esfumam quando se dispõe de um jogador capaz de conduzir a bola em velocidade e com segurança pelo centro do campo, criando a desordem inevitável no adversário. Piora quando, ao 2-0, este último é obrigado a escolher entre gerir o estrago ou partir à aventura.
O Benfica era perigoso no dérbi e continua a sê-lo. A história que os assobios na Luz pretendem contar é uma fantasia saída da irracionalidade do adepto.
Quem nasceu primeiro? A ideia do futebol-wrestling, de que Conceição seria supostamente adepto, ou um plantel sem dinheiro para reforços em que sobressaíam os trapézios volumosos de Marega, Aboubakar e Soares? Seria o mesmo jogo se, em 2017, houvesse Vitinha? São boas perguntas para uma entrevista, mas arriscaria que a resposta é a mesma de cima: preconceito. De um lado está a ideia, do outro está o que os jogadores fazem com ela. Um treinador competente tira partido do que tem à disposição. Vitinha, ou Vítor Ferreira, não é baixo, nem alto, pesado nem leve: é um craque cada vez mais completo e um dos melhores médios que o FC Porto viu em décadas. Só um louco pegaria na fita métrica para contestar essa evidência.