FORA DA CAIXA - Um artigo de opinião de Joel Neto.
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A confirmar-se o fracasso no Tottenham, será tempo de declarar oficialmente esgotada a relação de Mourinho com Inglaterra.
Talvez até ao final da época ainda seja possível evitá-lo, em concreto (prevê o "Daily Mail") se a equipa londrina conseguir garantir a qualificação para a Liga dos Campeões do próximo ano. Mas o divórcio entre o treinador e o balneário parece cada vez menos reversível, os recursos de José nos domínios mediático e dos "mind games" - como o prova o ricochete em que resultou a ida ao balneário do Dínamo, para aplaudir os jogadores adversários - cada vez menos assertivos e eficazes e, em geral, os adeptos britânicos cada vez menos entusiasmáveis com o chamado futebol pragmático, ademais se incapaz de produzir resultados práticos.
Será então tempo de o antigo "Special One", entretanto "Happy One" e agora "sabe-se-lá-o-quê-One" - "The Miserable One", propunha há semanas alguma imprensa -, rodar o tabuleiro. Mantendo-se afastada a ideia de reforma, a que de início Mourinho dizia pretender aceder aos 50 anos - já tem 58 -, a solução será um novo campeonato, porventura algum "el dorado" desprovido de competitividade externa, ou então uma seleção. Um dia o ciclo de Fernando Santos acabará, e Portugal não poderá ser excluído. Talvez até seja uma opção adequada: concluída a carreira de Ronaldo, não será absurdo que a seleção portuguesa precise de um modelo menos centrado num jogador em particular. Mas, daí a precisar de centrar-se no treinador, também vai uma distância razoável.
Não será um dilema fácil, mesmo para um homem que podia depositar a conta bancária num hangar e pôr-se a nadar no dinheiro. Resta um ego para acalentar, e há demasiados anos já que não encontra um bálsamo de aprovação - dos outros e, evidentemente, do próprio.
