Frederico Varandas não recuou ao ponto de assumir a escolha de João Pereira como um erro, ganhou balanço para lançar Rui Borges como o primeiro a poder ser ele próprio
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João Pereira não pôde ser João Pereira. A explicação de Frederico Varandas para o fracasso da aposta no sucessor de Rúben Amorim é que não se tratou de um erro de casting, mas de timing. Aliás, o presidente dos leões foi mais longe, dizendo que ninguém teria feito melhor, considerando o choque emocional sofrido pela saída do técnico anterior, a vaga de lesões que afetou a equipa e aquilo que considera terem sido más arbitragens. Talvez isso explique que, apesar de ser seguido há mais de um ano, só agora Rui Borges tenha sido escolhido para treinar o Sporting: antes teria sido dinheiro deitado fora. Basicamente, como diz aquela anedota sobre o exército, um soldado português nunca recua, ganha balanço.
Frederico Varandas também não recuou ao ponto de assumir a escolha de João Pereira como um erro, aproveitou o momento para ganhar balanço e lançar Rui Borges como um treinador, o primeiro no pós-Amorim, que vai poder ser ele próprio. Claro que a vaga de lesões ainda não está completamente resolvida e que as arbitragens são como os melões: umas mais doces e outras mais amargas. Mas pelo menos o choque emocional da saída de Rúben Amorim pode ser compensado pelo choque motivacional da saída de João Pereira, assim como quem resolve uma chicotada psicológica com outra. A favor do presidente dos leões, sobra a evidência de que aprendeu a lição e desta vez manteve a fasquia das expectativas em relação ao treinador num nível razoável. Com um calendário que incluiu Benfica, Vitória e FC Porto como próximos obstáculos, é sensato não fazer prognósticos a longo prazo.