Devemos todos pensar numa estratégia para termos mais associados
Teremos que, desde já, confrontar a cidade com a possibilidade de o 1º de Maio tornar a ser a casa do Braga, honrando toda a história daquele património e da própria cidade. O assunto é polémico, mas torna-se urgente decidir
Corpo do artigo
Nos recentes relatórios de gestão, relativos à época 2020/2021, do Braga SAD e do Braga (clube), a opinião pública centrou-se em dois aspetos principais: a existência de prejuízos no exercício orçamental da época e a redução de mais de 11 mil sócios, decorrentes do processo de renumeração dos associados.
Deveremos todos pensar numa estratégia de médio prazo para, juntamente com as vitórias nas competições, conseguirmos arregimentar mais adeptos e associados.
Se, relativamente ao prejuízo dos exercícios, tal se afigura perfeitamente normal, e não nos deve preocupar minimamente, face às circunstâncias relacionadas com a quebra de receitas causada pelo contexto pandémico, já a quebra do número de associados deverá ser motivo de profunda reflexão. Sabemos bem que estas quebras no número de associados são normais nos processos de renumeração, em todos os clubes (e associações em geral).
Mas, o que nos deve preocupar é a circunstância de o Braga, apesar de todos os êxitos desportivos e de ser, hoje em dia, um dos principais clubes portugueses, ao nível dos sucessos desportivos, e de ter já uma dimensão internacional bem relevante ( 42º do ranking da UEFA, por comparação com os 126º, 127º, 128º, 129º e 130º de Paços Ferreira, Santa Clara, Rio Ave, Vitória de Guimarães e Marítimo, respetivamente), não capitalizar na captação de novos associados, mantendo-se num número que oscila entre os 15 mil e os 17 mil.
Deveremos todos pensar numa estratégia de médio prazo para, juntamente com as vitórias nas competições, conseguirmos arregimentar mais adeptos e associados. Teremos que, desde já, confrontar a cidade com a possibilidade de o 1º de Maio tornar a ser a casa do Braga, honrando toda a história daquele património e da própria cidade. O assunto é polémico, mas torna-se urgente decidir: "ou sim ou sopas" (e esta expressão nada tem a ver com o antigo vereador do urbanismo do município bracarense). O regresso das visitas dos atletas às escolas, que tinha vindo a dar excelentes resultados, deverá ser retomado, assim permitam as condições da pandemia, cujo espetro paira sobre todos.
Mas também deveremos olhar para a totalidade do território, percebendo que a norte de Braga não existem equipas de dimensão nacional e que as populações mais jovens (de Valença, Viana do Castelo, Melgaço, Terras de Bouro, Paredes de Coura, Vila Verde ou Amares ) poderão acolher o Braga como o seu clube. Para isso, deverá existir uma lógica de marketing de levar o clube até esses centros urbanos, com eventos lúdicos, com contactos pessoais com os atletas, etc. Uma espécie de Braga Day itinerante, mais compacto e portátil. Muita coisa mais haverá a fazer, claro. Teremos é de pensar todos juntos e encontrar boas soluções.
Os atletas, esses terão de fazer o seu trabalho, como têm feito, lutando e ganhando competições e títulos. A equipa de futebol terá de continuar a fazer o que sabe, com Carvalhal no comando, começando já pelo jogo de amanhã, pois todo o marketing que se possa pensar, toda a estratégia que se queira desenhar depende, em muito, dos sucessos desportivos.