O folclore continua nas eleições da Liga...
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1 Portugal parece ter o dom de transformar qualquer ato eleitoral numa fanfarronice. Não só, mas também no futebol. Detalhar o episódio na entrega de listas, na sede da Liga, interessa tanto como chegar à conclusão genérica da evidência mais uma vez comprovada: continua o forrobodó. Este desencontro, entre cortinas de fumo mal explicadas, vale como exercício de comédia burlesca, no qual os protagonistas se despem de preconceitos e pudores, trocando abraços ainda frescos por acusações de traição. É o que temos, e é também o que os clubes merecem ter. Aparentemente, reveem-se nesse circo e contribuem para o alimentar, seja pela inação, pela irresistível tentação de sobrepor metáforas a argumentos, ou pela pobreza da argumentação, quando ela existe. E o que fica são mesmo estas novelas, pinceladas a alecrim e manjerona. De ideias concretas para a Liga/futebol português, ficamos na mesma: o copy paste dos programas candidatos não acrescentou nada, mas de folclore continuamos bem servidos.
2 Circense tem sido também a preparação do Mundial do Brasil. Entre obras que não acabam e protestos que embaraçam a organização, sobra outra tristeza evidente: baixas mediáticas por lesão, como as de Ribéry ou Falcao; estrelas que falharam a qualificação (Ibrahimovic, Cech, Gareth Bale ou Lewandowski) e jogadores fisicamente de rastos, como é o caso de Ronaldo. A escala continental do Brasil tornará qualquer manifestação significativa, mas ninguém se terá lembrado ainda do risco de protesto pela falta de qualidade nos relvados.