Dizia o presidente do Sporting que lhe tinha dado um presente envenenado, é difícil compreender esta afirmação, mas o pior que pode fazer é manter um treinador que já provou até à exaustão não ser o adequado
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A última intervenção do presidente do Sporting, na cerimónia de entrega dos prémios Stromp, foi mais de justificação do que de alento. O Sporting passou, em pouco mais de um mês, de uma equipa imbatível para uma equipa sem alma, sem chama, sem garra.
Até à saída de Rúben Amorim, conhecemos o melhor Sporting dos últimos anos. Além dos resultados, inequivocamente brilhantes, também as exibições ofereciam um verdadeiro espectáculo de futebol, com pressão alta, anulando o futebol adversário, com ritmo acelerado durante os 90 minutos. Mesmo estando a ganhar com vantagem confortável, o Sporting não reduzia a intensidade. Sentia-se espírito de equipa, cada jogador sabia o que esperavam dele, colocava-se no lugar certo, a sintonia funcionava como uma orquestra sinfónica.
Depois da saída de Rúben Amorim nunca mais houve acerto. É natural que a mudança de treinador cause impacto na equipa, sobretudo quando o treinador que sai estava muito presente em todas as dinâmicas. Também pode acontecer que o treinador que chegue demore a impor o seu modelo, mas aconselha a prudência que se altere pouco a estrutura de jogo quando a que está mostra resultados. Não foi o que aconteceu. A equipa ficou irreconhecível, perderam o alinhamento, mudaram-se posições e o resultado foi um desastre. Não há outro adjectivo, foi um desastre completo.
O actual treinador terá muitos méritos, mas não é o treinador adequado para substituir Rúben Amorim. Quanto mais se adiar a decisão de o substituir, maior será o estrago. Estrago para o Sporting, mas também para o próprio treinador. Dizia o presidente do Sporting que lhe tinha dado um presente envenenado, é difícil compreender esta afirmação, mas o pior que pode fazer é manter um treinador que já provou até à exaustão não ser o adequado.
As afirmações de Frederico Varandas são bizarras. Quantos treinadores não desejariam receber o convite para treinar um dos três grandes do futebol português? Será presente envenenado oferecer uma equipa que tinha ganho todos os jogos da Liga portuguesa e estava em segundo lugar na Champions? Apenas com um empate. Uma equipa que terá alguns jogadores lesionados, como todos, mas tem em boa forma Gyokeres, Trincão, Quenda, Hjulmand, Harder, Gonçalo Inácio, etc. Não há desculpas. Enquanto o presidente do Sporting procurar desculpas para a opção que tomou, enquanto estiver focado em justificar-se, não reconhecerá o erro e não o reconhecendo não será capaz de o corrigir.