Depois das contas chumbadas, explicações à porta?
O desafio da Taça da Liga contra o Benfica, para além de um eletrizante jogo de futebol, foi um excelente ponto de partida para se perspetivar aquilo que o Vitória poderá ser esta temporada
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1 - Quando um clube apresenta as suas contas aos associados para aprovação, manda a experiência que elas só serão rejeitadas se suceder uma de duas coisas: ou porque é feito um juízo negativo sobre o seu conteúdo; ou então se se levantarem dúvidas sobre a respetiva fiabilidade.
A grande dúvida agora é esta: vai o Vitória manter esta postura competitiva, ou estamos a falar de um epifenómeno ocorrido numa competição em que nunca sequer chegámos à final?
De um lado, temos um voto "político". O associado não duvida de que as contas são aquelas, mas quer demonstrar a sua censura à direção e à respetiva gestão em face dos resultados que lhe estão a ser apresentados.
Do outro lado, está em causa a credibilidade das contas em si. O adepto tem dúvidas sobre se a realidade é efetivamente espelhada nos números que lhe estão a ser servidos.
Há cerca de oito dias, as contas vitorianas foram chumbadas. Ao contrário do que já tenho lido, não me parece que se deva encarar esse chumbo de ânimo leve. O mesmo já sucedeu no passado e nos casos de que me recordo esse ato representou efetivamente um sentimento de descontentamento generalizado por parte da nação vitoriana.
A isso soma-se a natureza deste chumbo. Em grande medida explicado por resultados negativos que a todos preocupam, mas também por dúvidas que subsistem por explicar cabalmente quanto a certas operações realizadas.
A direção deve, por isso, encarar este gesto com muita atenção e quando as voltar a apresentar deve ser proativa na explicitação de um rumo a tomar que inverta a tendência descendente dos gráficos bem como nos esclarecimentos das fundadas dúvidas que lhe são apresentadas. Pensar que as coisas se resolvem "porque sim" será um erro.
2 - O desafio da Taça da Liga contra o Benfica, para além de um eletrizante jogo de futebol, foi um excelente ponto de partida para se perspetivar aquilo que o Vitória poderá ser esta temporada. Quando preparou a partida, Pepa tinha certamente a consciência de que a estratégia que tinha montado era de um altíssimo risco. O Vitória esticou a manta até à área benfiquista numa tentativa de dar ao Benfica a provar do seu próprio veneno. Procurou condicionar-lhe o jogo, asfixiando-o lá atrás.
Simplesmente, como todos sabemos, a manta é curta e na primeira parte o Vitória destapou os pés tantas vezes que só por acaso não chegou ao intervalo com uma constipação fatal. No segundo tempo, as coisas foram diferentes e conseguimos encontrar um ponto de equilíbrio que nos permitiu chegar à igualdade e quase ganhar o jogo.
No mais, em termos de atitude o Vitória provou tudo o que, se quiser, pode ser: corajoso, ambicioso e tenaz. A grande dúvida agora é esta: vai o Vitória manter esta postura competitiva, ou estamos a falar de um epifenómeno ocorrido numa competição em que nunca sequer chegámos à final? Ou terá sido este um ensaio para uma nova identidade? Vai Pepa conseguir esticar a manta? À hora em que escrevo este texto ainda não sei como correram as coisas contra o Sporting. Mas esse jogo poderá ajudar a começar a esclarecer as nossas dúvidas.