Além de recintos, teríamos de criar atletas e espectadores
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Organizar os Jogos Olímpicos é das metas mais distantes que se possa imaginar para um país como o nosso. Uma impossibilidade absoluta. Vale a pena, no entanto, e porque isso representa um resumo sobre o que nos falta, pensar no que seria necessário para acontecer. Em primeiro lugar, infraestruturas: um estádio de grandes dimensões com pista de atletismo, uma grande nave com piscinas de 50 metros e de saltos, um conjunto de pavilhões com bancadas para vários milhares, um velódromo, uma pista de canoagem slalom, em suma, uma tal imensidade que Paris utiliza 21 locais diferentes. Seria uma renovação total do país em instalações desportivas, mas o Comité Olímpico Internacional dá uma ajuda: a França recebeu 1,2 mil milhões de euros, vindos dos direitos televisivos (750 milhões) e dos patrocinadores olímpicos (470 milhões).
Faltará a seguir, e para que não sejam erguidos elefantes brancos, mudar o desporto do país. O organizador tem direito a atletas e equipas em todas as modalidades (em Paris são 32), o que obrigaria a recrutamento e treino, de forma a sermos minimamente competitivos em alguns desportos em que nunca o fomos. Sendo habitual um período de 12 anos para preparar os Jogos, cumprir essa meta é possível, desde que seja uma aposta política, com investimento considerável. Associada à criação de atletas terá de estar a de espectadores. Os visitantes serão aos milhares, mas o país organizador tem de contribuir com outro tanto (o meio milhão que no sábado aplaudiu o ciclismo era sobretudo francês) e não será fácil, para um país de futebol, ter milhares de pagantes em nenhum dos tradicionais desportos olímpicos, a começar por atletismo e natação. Dá que pensar no (grande) país em que os Jogos nos transformariam.