HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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Nem que chovam picaretas
Como encontrar estratégias para disfarçar a falta de criatividade ou, por outras palavras, vamos mesmo ser criativos. Ponto Porto. Nem que chovam picaretas. Se for preciso adaptamos o jogo para que ele providencie uma maior profundidade; ou então preferimos um jogo mais bombeado, para que as segundas bolas surjam perto da área e aí, tal como em Guimarães, a finalização aconteça de forma quase natural. Ou, até podemos capitalizar os nossos laterais quase como alas de tal forma que ninguém se espantou quando viu Wendell, nos Barreiros, a disparar de forma certeira à entrada da área.
É certo que não há milagres e as dificuldades que o FC Porto enfrenta perante defesas mais baixas são naturais. Mas a capacidade para se encontrarem alternativas tem sido notável. E dá jeito ter certos jogadores no plantel: como Otávio, que arrisca o remate nos descontos quando a equipa mais dele precisa. E um guarda-redes, Diogo Costa, que tem um jogo de pés de fazer inveja a muitos centrocampistas. Viver melhor sem necessárias ginásticas táticas permanentes. Futuro.
Galeno: a "Ronaldização"
Não será por acaso que assume a responsabilidade na altura das grandes penalidades: a intenção é clara. Puxar Galeno mais para a frente, colocando-o em situações de pressão para que consiga fazer a diferença dentro de pouco tempo. Num jogador que veio do Braga muito bem trabalhado por Carvalhal - sobretudo em termos defensivos - as ordens agora são de outro patamar: colocar Galeno em zonas mais centrais, potenciando a sua capacidade de desequilíbrio, jogo aéreo e remate muito fácil. Frente ao Famalicão o golo não valeu mas a movimentação estava lá. Da ala para a zona central, o processo de "Ronaldização" continua e mais golos vão aparecer.
Ivo Rodrigues: potenciação plena
Frente ao FC Porto, a articulação com Iván Jaime foi muito apurada e pela consistência ofensiva desta dupla surgiram os principais problemas que os dragões tiveram de estancar. Se, no lance do primeiro golo, apontou o livre de forma determinante, destacou-se ainda mais no segundo golo, quando um passe a rasgar colocou Iván Jaime em condições de realizar o desequilíbrio. O eterno companheiro de André Silva nas camadas jovens do FC Porto cresce de forma sustentada em Famalicão, com a disciplina tática de quem tem capacidade para criar desequilíbrios em toda a linha da frente. Sem medo de rematar, apresenta um ramalhete considerável e condições para se desenvolver ainda mais.
João Teixeira: arte flaviense
É o homem que controla todo o miolo dos flavienses, apresentando muita inteligência nas ações defensivas e ofensivas. Nesta temporada, as suas exibições têm sido pautadas pela regularidade, existindo aquela sensação de que encontrou o clube e o treinador certos para estabilizar. João Teixeira - que cresceu nas camadas jovens do Benfica onde sempre apresentou muita qualidade e rendimento nas diferentes posições do meio-campo - voltou a estar em evidência diante do Casa Pia, cobrando o canto que deu o golo a Steven Vitória. Eficaz nas bolas paradas e com qualidade ao nível do jogo em posse, tem sido um dos artífices da caminhada tranquila que o Chaves tem realizado.
Gonçalo Inácio: a cobiça
A Premier League está de olho no jovem central leonino e a notícia não espanta: a construir é do melhor que há e, apesar de ser esquerdino, até do lado direito do centro da defesa pode atuar. Com lugar cativo na Seleção desde a chegada de Martínez, Gonçalo Inácio nem precisou da Youth League para se afirmar.